Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O número de moradores na região portuária do Rio poderá mais que triplicar em duas décadas, saltando dos atuais 28 mil habitantes para cerca de 100 mil. Para isso, o sistema viário, por exemplo, está sendo totalmente reformulado. Uma das ações mais polêmicas é a derrubada do Elevado da Perimetral, viaduto com 4 quilômetros de extensão, fazendo a ligação da Avenida Brasil e a Ponte Rio-Niterói com o centro e a zona sul. O início da demolição está marcado para o dia 2 de novembro.
A estimativa para a ocupação da região é do diretor presidente da Concessionária Porto Novo, José Renato Ponte, que vistoriou sexta-feira (25) as obras dos túneis que estão sendo construídos na área, acompanhado pela imprensa. “O que existe de previsão de potencial de construção é cerca de 4,5 milhões de metros quadrados. A gente imagina que, em um prazo de 15 ou 20 anos, tenham 100 mil pessoas, sendo que hoje existem 28 a 30 mil pessoas morando na região”, disse Ponte.
A região portuária do Rio foi próspera até meados do século passado, quando começou a entrar em declínio, e hoje é formada por muitos armazéns abandonados e casas antigas, muitas em estado de ruína. O Projeto Porto Maravilha, concebido pela prefeitura do Rio, com apoio do governo federal, se propõe a reverter, em poucos anos, essa situação de abandono.
Para absorver o tráfego pesado de veículos que utilizam o Elevado da Petrimetral, foi construída uma pista interna, chamada de Via Binário do Porto, com 3,5 quilômetros, incluindo dois túneis: um com 80 metros e outro com 1.480 metros. A Avenida Rodrigues Alves, que corre paralelamente ao cais do porto, sob o elevado, será parcialmente substituída por um outro túnel, com 2.570 metros, que fará parte da Via Expressa, prevista para ser entregue em 2016. Com isso, a superfície será transformada em um grande calçadão arborizado, resgatando o contato da população com o porto e o mar.
O diretor presidente da Concessionária Porto Novo garantiu que os novos túneis, que passarão a até 46 metros de profundidade, muito abaixo do nível do mar, não correrão risco de sofrerem alagamentos com eventuais chuvas fortes, o que provocaria o caos no trânsito da região central, pois terão sistemas automáticos de bombeamento e drenagem.
“Nós estamos usando todas as tecnologias e as normas mais seguras para que as pessoas possam transitar pelos túneis. Então, todos os sistemas de drenagem, de segurança e de supervisão têm redundâncias extremas, não há o menor risco [de inundar]. É risco zero de alagamento”, afirmou.
Além das pistas para carros, está prevista uma malha de 28 quilômetros, por onde passarão os chamados veículos leves sobre trilhos (VLTs), que terão 42 pontos de embarque e desembarque, com capacidade para absorver até 300 mil passageiros/dia, fazendo a conexão do centro e da região portuária com o Aeroporto Santos Dumont.
Os investimentos que estão sendo feitos em infraestrutura, obras e serviços na região portuária chegam a R$ 7,6 bilhões que serão aplicados durante 15 anos. Os recursos, segundo Ponte, não vêm do Tesouro nem da prefeitura, mas de certificados de construção que foram comercializados com a iniciativa privada, em troca de permissão para aumentar o tamanho dos imóveis.
“A área concedida tem 5 milhões de metros quadrados. Nesta área, a prefeitura destacou uma de 1 milhão de metros quadrados, onde hoje estão armazéns abandonados, criando um potencial adicional de construção, permitindo que novos empreendimentos sejam desenvolvidos. Para construir esse adicional, é necessário adquirir a outorga, através dos títulos chamados Cepacs [Certificado de Potencial Adicional de Construção]. A indústria imobiliária, para construir, adquire o Cepac. E tudo o que está sendo feito aqui é custeado com os recursos arrecadados com a venda dos Cepacs. Não existe nenhum recurso, nesta área de 5 milhões de metros quadrados, que venha do Tesouro ou dos cofres da prefeitura”, garantiu Ponte.
O diretor presidente da Concessionária Porto Novo disse que a construção de imóveis na região está apontando para um equilíbrio de 50% de unidades comerciais, principalmente escritórios, e 50% de unidades habitacionais, o que será uma garantia de que a área será permanentemente ocupada por moradias, ao contrário do centro antigo, que é quase totalmente ocupado só por empresas.
Edição: Davi Oliveira
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