Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A presidenta da Petrobras, Graça Foster, disse hoje (18) que, do ponto de vista econômico e financeiro, não é possível a estatal arcar com 100% do pagamento de R$ 15 bilhões de bônus pelo contrato de partilha de produção de petróleo do Campo de Libra.
O leilão de Libra está marcado para o dia 21 de outubro, a disputa será a primeira do pré-sal sob o sistema de partilha. A empresa que vencer o leilão terá que pagar um bônus de assinatura à União de R$ 15 bilhões.
“Para a Petrobras, 100% de Libra é possível do ponto de vista técnico e operacional. Mas, do econômico e financeiro, não seria possível suportar o pagamento de R$ 15 bilhões de bônus”, disse Foster, durante audiência pública no Senado. Ao final da audiência, ela completou: “100% têm de ser desejo do governo, e não da Petrobras”.
A área a ser licitada tem cerca de 1,5 mil quilômetros quadrados. Segundo o edital, os ganhadores da licitação deverão desenvolver as atividades de exploração de petróleo por quatro anos, prazo que poderá ser estendido, como prevê o contrato de partilha de produção.
A Petrobras será a operadora única do pré-sal (na extração), pelo sistema de partilha, e o edital prevê que a estatal terá direito a 30% do Campo de Libra, na Bacia de Santos. “Tem, portanto, mais 70% que podemos trabalhar na busca de consórcios. A companhia tem um caixa que dá a ela condições de participar e cumprir suas obrigações. Mas antes do dia 21 eu não devo falar de nenhum por cento a mais ou a menos porque certamente é estratégia para o leilão”, disse Graça Foster.
A presidenta reiterou otimismo com o leilão. “Pelas informações que temos, nos sentimos bastante confiantes. Quem perfurou, definiu locação, e teve a locação e autorização para perfurar aprovadas pela ANP? Quem conhece cada milímetro desses 6.300 metros de poço perfurado e dos 380 metros de colunas de hidrocarbonetos tem de se sentir seguro perante a concorrência. A Petrobras se sente segura”, disse.
“Se parecer prepotência, vocês me desculpem. Mas conheço a Petrobras e as áreas de atuação. Não conheço outra empresa tão capaz para fazer e acontecer Libra”, acrescentou. Segundo ela, “Libra é um colosso, e sendo um colosso e nós sendo competitivos, trabalhamos para ter resultados positivos”.
Graça Foster reafirmou não ver razões para o adiamento do leilão em decorrência das denúncias de espionagem da petrolífera por agentes de segurança dos Estados Unidos. “Mas minhas razões e motivações são específicas de uma empresa de petróleo. Razões para adiar ou suspender, só o governo federal as tem”.
A presidenta da Petrobras informou que não pretende rever os contratos entre a estatal e empresas norte-americanas prestadoras de serviços. Segundo ela, há 14 empresas norte-americanas cuidando da segurança da informação; três cuidando da criptografia; e uma responsável por enviar dados ao exterior.
“Não pretendemos rever contratos. São empresas com contratos específicos, para objetos específicos e que não conhecem o conjunto”, disse. “Consideramos o sistema seguro porque é gerido exclusivamente pela Petrobras. As demais empresas enxergam ponto ou partes. O conjunto é prerrogativa da nossa Petrobras”, acrescentou.
Foster disse que não há qualquer decisão tomada sobre aumentar ou não o preço dos combustíveis antes do leilão. “O tempo todo estamos olhando o caixa da companhia e o preço [dos combustíveis] no mercado internacional. É um trabalho diário e constante. Trabalhamos sistematicamente na busca da economicidade da companhia para sermos cada vez mais ativos no negócio. Agora, repito o que informamos ontem à Bolsa [de Valores]: não confirmamos e não há no curto prazo previsão de aumento dos combustíveis”.
Edição: Carolina Pimentel
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