Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ex-deputado Lysâneas Maciel e o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, foram homenageados hoje (18) pela atuação que tiveram durante o período da ditadura militar. A homenagem ocorreu durante a audiência das comissões Nacional e Estadual da Verdade, no auditório da Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro (Caarj), no centro do Rio.
Para Regina Maciel, mulher do ex-deputado, que morreu em dezembro de 1999, a cerimônia representou um momento muito forte. Ela falou sobre a vida do marido como parlamentar de oposição - integrou o antigo MDB (Movimento Democrático Brasileiro, que depois se transformou no atual PMDB) - e como advogado de presos políticos na ditadura.
“Foi motivo de rememorar toda a história que vivemos e a vida de Lysâneas dentro e fora do Parlamento. Depois que ele foi exilado, nós moramos na Suíça, ele continuou o trabalho no Conselho Mundial de Igrejas e ali nós continuamos batalhando pelos desaparecidos do Brasil, os torturados e pelas famílias dessas pessoas. Então foi gratificante vir aqui, rememorar e compartilhar com as pessoas o que vivemos”, disse.
Durante o depoimento, Regina contou que o casal passou por momentos difíceis em casa, quando pessoas das famílias de torturados e presos pela repressão iam lá pedir que o deputado ajudasse na busca de desaparecidos ou em casos de tentativa de libertação de presos.
“Algumas pessoas às vezes não entendiam por que Lysâneas era tão agressivo quando subia à tribuna para anunciar essas coisas. Não sabiam que já tinha saído de casa com toda a bagagem de mães, filhos, mulheres, noivos, maridos, desesperados procurando seus entes queridos e pedindo a ele que fizesse alguma coisa”, declarou.
Maria Nakano, que foi casada com Betinho, disse que o trabalho da Comissão da Nacional da Verdade (CNV) é importantíssimo para a história do país. “Não é porque é a nossa história, mas é algo que se tem que contar. A reconstituição é parte disso. É fundamental este trabalho, tudo que for possível a gente fazer e estiver ao nosso alcance”, disse.
Para o coordenador do grupo de trabalho sobre o papel das igrejas durante a ditadura, Anivaldo Padilha, o importante da homenagem não foi somente celebrar o passado, mas a vida e o que eles representaram. “Foram pessoas que dedicaram suas vidas pela luta pela liberdade, contra a ditadura pela justiça e pela paz. São pessoas que servem de referências para as novas gerações. Eles foram referências para suas gerações na época e continuam a ser para as gerações atuais”, declarou.
Edição: Aécio Amado
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