Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A paralisação dos professores completa um mês neste domingo (8) e a preocupação da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) é que a greve prejudique os alunos que vão fazer o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), marcado para outubro. Mesmo com apenas 750 faltosos, de um total de 90 mil funcionários da rede estadual, o secretário de estado de Educação, Wilson Risolia, garantiu que um Plano B está sendo esquematizado para atenuar os danos causados aos 30 mil alunos afetados.
De acordo com Risolia, a área jurídica da secretaria busca uma solução para que os alunos não fiquem sem aula. “Devido ao Código de Greve, não podemos contratar novos professores para substituir os faltosos, mas como o movimento não tem previsão de término, os alunos não podem mais ser prejudicados. Ontem, uma liminar foi concedida pela Justiça determinando que os grevistas retomem suas atividades em 24 horas. Vamos esperar até segunda, caso isso não ocorra, teremos que tomar algumas ações emergenciais, como a contratação provisória de professores e o pagamento de hora extra”, explicou.
“As 14 diretorias regionais pedagógicas, encarregadas de fazer a apuração de profissionais ausentes nas escolas, montaram um plano de reposição de aulas, mas quando mais tempo a paralisação durar, mais difícil será remarcar as aulas. Cada colégio tem uma situação específica, por isso fica difícil criar uma regra que atenda a todas as unidades, os diretores lidam com as situações da forma que podem, mas nós [secretaria] estamos cientes do cenário”, acrescentou o secretário.
No Colégio Estadual Souza Aguiar, no centro do Rio, por exemplo, os alunos do primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio do turno da tarde estão sem aula de biologia há um mês, pois o único professor do período, Antônio Claudio de Andrade, aderiu à paralisação.
Segundo o próprio professor, o problema da educação é crônico e não pode ser atribuído apenas à greve. “A paralisação foi o último recurso da categoria, nossa intenção não é prejudicar os alunos. Nossa pauta não é só salarial, lutamos por uma estrutura educacional melhor para eles. Não podem culpar a carência educacional do estado a uma greve de um mês. A falta de recursos, de professores, de estrutura ao longo dos anos é o que prejudicou os alunos ao longo dos anos”, justificou.
Mesmo com apenas 20% de adesão à greve no colégio, a direção do Colégio Souza Aguiar teve que mexer no quadro de horários dos alunos para que não ficassem com espaços na grade e foi necessários um rodízio de professores e aulas de reforços nos contraturnos.
Para a estudante da unidade Yasmin Daudiero, de 16 anos, os professores têm o direito de se manifestar, mas sem prejudicar os alunos. “Estou sem aula de biologia, assim como outras turmas também. Não sou a favor de uma greve que tenta beneficiar um lado prejudicando outro”, disse.
Edição: Fábio Massalli
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