Carolina Gonçalves*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um dos veículos usados pela equipe da Organização das Nações Unidas (ONU) que está na Síria para investigar se foram usadas armas químicas no país foi atingido hoje (26) por múltiplos tiros. O ataque foi realizado por atiradores de elite em uma área de segurança, onde não deveria haver pessoas armadas. A informação foi divulgada há pouco no site da ONU, pelo porta-voz do secretário-geral da organização, Ban Ki-moon.
A missão de peritos estrangeiros da ONU começaria hoje as investigações sobre o uso de armas químicas nos conflitos no país. No último dia 21, mais de 700 pessoas morreram na periferia de Damasco, capital síria. Com o primeiro carro do comboio atingido, a equipe voltou em segurança para uma base do governo.
De acordo com informações da ONU, assim que o veículo for substituído os peritos voltarão à região onde centenas de pessoas morreram supostamente vítimas do uso de armas químicas. O órgão internacional pediu a colaboração de representantes de todos os lados do conflito para que os especialistas, que estão no país há quase uma semana, consigam concluir as investigações em segurança.
A chanceler alemã, Angela Merkel, cobrou hoje (26) uma resposta "clara e conjunta" da comunidade internacional ao regime sírio, caso se confirme que as tropas leais a Bashar Al Assad mataram centenas de pessoas com armas químicas. Merkel tem mantido contato telefônico com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e com o presidente francês, François Hollande, desde o último sábado (24), para acompanhar os desdobramentos da investigação.
O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, foi uma das autoridades a endossar as denúncias feitas pela oposição ao governo sírio, afirmando que há "grande probabilidade" das autoridades terem usado “gás venenoso" durante os ataques no país.
Hoje (26), o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, criticou as tentativas de interferências na Síria. Segundo ele, as ameaças dos países ocidentais de aplicar um golpe militar contra a Síria contradizem os acordos firmados na Cimeira do G8 em Loug Erne, na Irlanda do Norte. O G8 é o grupo dos países mais industrializados e desenvolvidos do mundo, formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia.
Lavrov destacou que a declaração da cimeira deixou claro que qualquer informação sobre o uso de armas químicas na Síria deve ser investigada de forma pormenorizada e profissional e disse que as autoridades ocidentais que acusam o regime de Damasco de "ter ultrapassado a linha vermelha" sem apresentar provas do uso de armas químicas estão tentando substituir os peritos e o Conselho de Segurança da ONU.
*Com informações da ONU e da agência pública Lusa // Edição: Denise Griesinger
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