Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Bogotá - O coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU) na Colômbia, Fabrizio Hochschild, defendeu hoje (14) que o governo do país deve se responsabilizar pelas vítimas de grupos ilegais que não estejam no contexto do conflito armado. Atualmente a chamada Lei de Vítimas, sancionada em 2011 não prevê reparação e assistência às vítimas de grupos delinquentes comuns, como as bandas criminais (bacrims).
“Se há necessidades humanitárias geradas por grupos ilegais que não sejam as Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] e o ELN [Exército da Libertação Nacional], existe uma obrigação da nossa parte e da parte do Estado de atender a essas vítimas”, falou durante uma visita a comunidades de Guapí e Limones, departamento de Cauca, um dos mais afetados pelo conflito armado.
Segundo Hochschild, entre 0,5% e 0,6% dos recursos humanitários globais estão destinados à Colômbia. Ele defendeu que os recursos devem continuar a ser enviados ao país no longo prazo, porque um possível um acordo de paz firmado entre as Farc e o governo não garantiria a estabilidade de maneira imediata. “A paz não será garantida no dia seguinte [à assinatura de um acordo], essas necessidades e essa violência de uma ou outra maneira podem continuar. Essa é a experiência de muitos países”, disse.
O representante da ONU lembrou dos grandes desafios em matéria de direitos humanos que a Colômbia deve enfrentar. “Há problemas com a liberdade de movimentos sociais, ameaças ao direito à vida e problemas de acesso aos serviços de saúde pública, deslocamento interno e recrutamento de crianças”.
Hochschild reafirmou também o compromisso da comunidade internacional com os diálogos pelo fim do conflito entre o governo colombiano e as Farc e disse que a ONU continuará colaborando na assistência humanitária às vítimas do conflito no país.
Edição: Fábio Massalli
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