Camila Maciel
Repórter Agência Brasil
São Paulo – Os delegados paralisaram as atividades hoje (8) nos distritos policiais do estado durante quatro horas, reivindicando melhores condições de trabalho. Segundo a presidenta da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Marilda Pansonato, 98% da categoria aderiram ao protesto, que foi das 10h às 14h. A Secretaria de Segurança Pública admitiu que houve paralisação em alguns distritos policiais, mas informou que não divulgará nenhum balanço.
“Estamos reivindicando condições de trabalho, tanto materiais quanto de recursos humanos, pois nossos colegas abandonam a carreira”, disse Marilda. De acordo com a delegada, o déficit de profissionais da categoria em São Paulo está em torno de 8 mil profissionais. Há 20 anos, São Paulo tinha cerca de 35 mil policiais e delegados e, hoje, o número não chega a 28 mil, informou.
Por volta das 15h, cerca de 200 delegados saíram em caminhada pela cidade, bloquearam uma das pistas da Avenida Ipiranga e seguiram até a sede da Delegacia-Geral, na Rua Brigadeiro Tobias, onde fazem, neste momento, um protesto. Eles pretendem encerrar o ato no fim da tarde, em frente à Secretaria de Segurança Pública, também no centro da cidade.
A reportagem da Agência Brasil visitou o 91º DP, na Vila Leopoldina, na hora da paralisação e constatou que o atendimento ao público foi parcial naquela unidade. Os policiais de plantão informaram que somente casos graves, como homicídios, estavam sendo registrados. O técnico de áudio e vídeo Matias Peres, de 20 anos, no entanto, procurou o 91º DP para registrar um caso de furto e não teve dificuldade. “Nem estava sabendo da paralisação”, disse Pares.
A Agência Brasil foi também ao 14º DP, em Pinheiros, onde os policiais não aderiram à paralisação. O delegado assistente Jesus Roberto de Carvalho Júnior, que apoia o movimento, explicou que a unidade não parou porque recebe casos de outros estados e de países que precisam ser investigados em São Paulo. “Haveria grande prejuízo [nas investigações]”, disse o delegado, que fez questão de destacar a necessidade de melhores condições de trabalho para a categoria.
Chamar a atenção da sociedade para o sucateamento da Polícia Civil é o principal objetivo da manifestação, destacou a presidenta da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo. “É a população que paga essa conta – com essa deficiência, temos aumento da impunidade e progressão da criminalidade”, afirmou.
Edição: Nádia Franco
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