Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Duas testemunhas de acusação do julgamento sobre o acidente com o avião da TAM, ocorrido no Aeroporto de Congonhas em 17 de julho de 2007, foram ouvidas na tarde de hoje (8) pelo juiz federal Márcio Assad Guardia, da 8ª Vara Federal Criminal, em São Paulo.
A primeira testemunha de acusação a ser ouvida foi o piloto da TAM João Batista Moreno de Nunes Ribeiro, por meio de uma videoconferência. Ele disse que, um dia antes do acidente, pilotou um avião do mesmo modelo do acidente, um Airbus A320, e teve muita dificuldade para pousar na pista do Aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista, que estava molhada e escorregadia. Assim como o depoimento dado ontem (7) pela testemunha de acusação, o também piloto José Eduardo Batalha Brosco, Ribeiro declarou ter alertado o Departamento de Segurança de Voo da TAM sobre o problema na pista.
A segunda testemunha a ser ouvida, presencialmente, foi Elias Azem Filho, que era copiloto na época do acidente. Ele disse ter ajudado a pilotar, um dia antes do acidente, o mesmo Airbus A320, que colidiu contra o prédio da TAM no dia 17 de julho de 2007 e que provocou a morte de 199 pessoas. Azem Filho também falou sobre os problemas que teve para pousar o avião na pista do aeroporto paulista, e que relatou as falhas na pista à torre de controle do aeroporto.
Ontem (7), duas testemunhas de acusação foram ouvidas. Além do piloto José Eduardo Batalha Brosco, também depôs a desembargadora federal Cecília Marcondes.
O Ministério Público Federal ainda pretende ouvir mais duas testemunhas de acusação, que foram arroladas para depor entre ontem e hoje, mas que não o fizeram: uma delas, Giberto Pedrosa Schittini, não foi encontrada. A segunda, Luiz Kazumi Miyada, obteve um habeas corpus para não depor, alegando questões de saúde.
O procurador da República Rodrigo De Grandis, autor da denúncia, disse que ainda pretende ouvir essas duas testemunhas de acusação. “O Ministério Público Federal (MPF) entendeu que as duas testemunhas são importantes e relevantes, e insistiu na inquirição das duas. A expectativa do MPF é ouvir todas as testemunhas que, efetivamente, confirmarão aquilo que elas disseram na hora da investigação: que a pista era escorregadia, insegura e que a senhora Denise Abreu [diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na época do acidente e uma das acusadas no julgamento] lutou para a liberação da pista, oferecendo um documento como se fosse uma norma e que, na verdade, não era uma norma, e que contribuiu, de forma culposa, para que as aeronaves fossem expostas a uma situação de perigo”, disse o procurador.
Neste julgamento, são réus Denise Abreu; o vice-presidente de Operações da TAM, Alberto Fajerman; e o diretor de Segurança de Voo da companhia, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro. Eles foram denunciados pelo procurador da República Rodrigo de Grandis pelo crime de “atentado contra a segurança de transporte aéreo”, na modalidade culposa.
A expectativa das famílias das vítimas é que os réus sejam condenados. "Esperamos, desde o primeiro dia (do acidente), que a Justiça seja feita, de forma rigorosa, para que isso não volte a acontecer", disse Scott, presidente da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ3054 (Afavitam), que perdeu uma filha no acidente.
Passados seis anos do acidente, estas foram as duas primeiras audiências do caso. As testemunhas de defesa serão ouvidas nos dias 11 de novembro (por videoconferência com a subseção Judiciária do Rio de Janeiro), 12 de novembro (também por videoconferência, com a subseção Judiciária de Brasília e de Curitiba) e nos dias 3, 9 e 10 de dezembro, em São Paulo. O interrogatório dos réus ainda não foi agendado pela Justiça Federal.
Edição: Aécio Amado
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