Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O defensor público federal João Chaves, que acompanhou hoje (3) o retorno ao Brasil dos cinco torcedores corintianos que estavam presos na Bolívia, informou que eles não têm nenhuma pendência com a Justiça do país vizinho. "Os cinco [corintianos] estão absolvidos e não há nenhuma pendência com a Justiça boliviana."
Ele informou que a decisão se baseia no fato de não existirem provas do envolvimento deles com a morte do adolescente Kevin Espada, atingido por um sinalizador, durante um jogo entre o Corinthians e o San José, válido pela Taça Libertadores da América, em Oruro.
O defensor considera que a prisão foi “excessiva”, mas avalia que não é possível caracterizá-la como ilegal. "A Justiça da Bolívia tem critérios próprios de prisões cautelares que devem ser avaliados dentro do contexto boliviano. É evidente que a prisão foi excessiva. Houve uma duração muito grande, especialmente porque desde o princípio estava demonstrada a ausência de prova", declarou. Os corintianos estavam presos na Bolívia desde fevereiro.
O Ministério da Justiça informou na noite de ontem (2) que os torcedores retornariam ao Brasil hoje. A decisão da Justiça boliviana libertou os últimos brasileiros, do grupo de 12 corintianos que estavam detidos no país. Sete torcedores voltaram ao Brasil no início de junho. "Eles entenderam que havia alguns indícios de que os cinco teriam posse de material explosivo e resíduo de pólvora na mão. Haveria uma pequena possibilidade de que eles tivessem envolvimento com o disparo", explicou.
Apesar da compensação financeira feita pelo Sport Club Corinthians Paulista à família de Kevin, no valor de US$ 50 mil, a decisão não menciona essa questão, informou Chaves. "Talvez a ideia de uma reparação tenha sido importante para caracterizar uma condolência ou um sentimento de solidariedade do clube e de, certa forma, do povo brasileiro com a família da vítima", declarou.
Menos de uma semana depois do incidente, um adolescente, sócio da Gaviões da Fiel (torcida organizada do Corinthians), apresentou-se à Justiça brasileira como autor do disparo do sinalizador. O defensor explicou que pode haver um processo em uma das varas da Infância e Juventude de São Paulo, caso o Ministério Público paulista decida promover uma representação contra o adolescente.
" O governo brasileiro se colocou à disposição para cooperar com a Justiça boliviana na produção de provas e na comunicação entre os órgãos judiciários de cada país, mas não é possível afirmar que vai haver processo", complementou.
Edição: Juliana Andrade
Todo conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir a matéria, é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil