Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Passa de oito horas o protesto organizado por caminhoneiros que bloqueiam a Rodovia Castello Branco, que liga a capital paulista ao oeste do estado. No sentido interior, a via está engarrafada no trecho que vai do km 23 ao km 30, informou a Polícia Rodoviária Estadual. No sentido capital, as filas de carros chegam a 10 quilômestros, do km 30 e ao km 40. A organização do protesto estima que 3 mil caminhões participem do ato.
O Rodoanel Mário Covas teve as faixas da pista externa (sentido Mauá) liberadas às 12h30. Ainda há congestionamento de 13 quilômetros no sentido Rodovia Régis Bittencourt, do km 33 ao km 46. A via também estava bloqueada por manifestantes desde as 5h de hoje (1º).
Um dos líderes do protesto na Castello Branco, Claudinei Oliveira, disse que que organizou o ato pelo Facebook. Segundo ele, os manifestantes pretendem manter a rodovia bloqueada enquanto não forem recebidos pelo secretário dos Transportes de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho.
A manifestação dos caminhoneiros tem pauta ampla de reivindicações. Uma delas questiona a decisão do governo do estado de passar a cobrar pedágio dos caminhões por eixos, mesmo quando passam pela praça de pedágio com os eixos suspensos. "Isso é um erro, porque só vai onerar o frete", disse Oliveira.
Os caminhoneiros pedem também redução do preço do óleo diesel. "Faz dez anos que o nosso frete não sobe e, de três anos para cá, o óleo diesel já triplicou o preço", reclamou Oliveira. Ele propôs redução de 50% no preço do pedágio para caminhões durante a madrugada e disse que seria uma forma de aliviar o trânsito nas marginais. Além disso, os caminhoneiros querem mais segurança. "É um perigo passar nas marginais [Tietê e Pinheiros] depois das 22h."
Caminhoneiro autônomo há 20 anos, que faz viagens de até mil quilômetros pelo Brasil, Gerson Aparecido Oliveira considera muito caro o pedágio no país todo. Gerson Oliveira destacou também a impossibilidade de cumprir, nas estradas brasileiras, a lei que determina o tempo mínimo de descanso para caminhoneiros durante as viagens. “Não existem pontos de parada suficientes”, disse ele.
Ele criticou a cobrança por eixo suspenso. "A cobrança do eixo levantado, com certeza, vai precisar ser transferida para o preço das mercadorias". A falta de segurança também está entre suas preocupações: "está muito difícil ser caminhoneiro hoje em dia, porque não há suporte nenhum do governo. Os roubos ocorrem principalmente nas marginais Pinheiros e Tietê. Já vi vários colegas serem assaltados.”
Denis Amparo Dias, que trabalho como autônomo há cinco anos, reclama da restrição de horário nas marginais Pinheiros e Tietê. "Não estamos passeando, estamos fazendo entrega. Sem caminhão, [a população] não come, não bebe, não abastece", ressaltou o caminhoneiro. "Ele [governo] não dá espaço para o caminhoneiro, só dá espaço para o carro individual. Tudo que eles tiram é do caminhoneiro. Eles tiram o horário de trabalhar. Em qualquer lugar que a que se vá na Grande São Paulo, é proibido estacionar caminhão."
Quanto à cobrança por eixo levantando, Denis admite que alguns caminhoneiros adotam a prática irregular de levantar os eixos do veiculo quando chegam à praça de pedágio, como forma de pagar menos. Ele diz, porém, que a prática é necessária, tendo em vista o baixo rendimento obtido por esses profissionais. "Um eixo que a gente não paga, é um almoço que a gente consegue comer."
Edição: Nádia Franco
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