Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O regime de câmbio flutuante traz segurança para a economia brasileira, ao permitir que o país absorva choques externos sem comprometer as reservas internacionais, disse hoje (18) o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Ele disse que as tensões no mercado de câmbio nos últimos dias decorre de expectativas sobre a reunião do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), hoje e amanhã (19), que discute a redução dos estímulos para a maior economia do planeta.
“Nosso regime de câmbio é flexível e está preparado para absorver choques positivos e negativos. O câmbio livre traz fortaleza para a economia brasileira”, declarou Tombini. Segundo ele, as intervenções do Banco Central, que tem vendido dólares no mercado futuro nos últimos dias, têm como objetivo apenas reduzir a instabilidade e tornar o mercado menos volátil.
Tombini explicou que a estratégia do BC é retirar o excesso de volatilidade. “Estamos preparados para fazer com que o mercado de câmbio funcione de forma adequada. Quando há disfunções em parte do mercado, temos instrumentos para fazer com que ele volte a funcionar apropriadamente”, declarou.
Na avaliação de Tombini, a indefinição em relação ao câmbio é provocada porque o mundo atravessa um momento de transição, com a possibilidade de que o Fed aumente os juros e retire parte dos dólares em circulação no planeta para compensar a recuperação da economia norte-americana. “Hoje está acontecendo um reposicionamento. Estamos em um período de transição, em que sempre há tribulações”, disse.
O presidente do Banco Central também destacou que as indefinições são agravadas porque o ritmo de recuperação das economias avançadas é diferente entre as regiões do mundo. “Os Estados Unidos estão mais adiantados [na recuperação econômica], enquanto a Europa continua não crescendo. Não existe uma sincronia, então não me parece que a saída [da crise econômica internacional] será simultânea”, acrescentou.
Segundo Tombini, o fim do ciclo de reacomodação poderá ser benéfico para o Brasil caso a economia norte-americana volte a crescer com mais intensidade. Isso porque o país poderá recuperar as exportações para os Estados Unidos. “Passada a reacomodação, o mundo poderá estar em posição melhor que nos últimos anos. A transição enseja risco, mas tem fatores positivos, como a recuperação da maior economia do mundo”, avaliou.
No Brasil, as oscilações do dólar continuaram em ritmo de valorização e o Banco Central (BC) voltou a intervir hoje no mercado de câmbio. Com a moeda em alta às 9h40, o BC anunciou a primeira operação de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro. Logo após anunciar os resultados desse leilão às 10h10, o BC decidiu fazer mais uma intervenção.
Edição: Davi Oliveira
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir o material é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil