Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os preços dos ingressos de jogos de futebol nos estádios construídos para sediar a Copa das Confederações e o Mundial de 2014 são “uma grande preocupação” do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, após os eventos, quando as arenas passarem a ser utilizadas pelos clubes em competições nacionais. Para o ministro, “se houver uma elitização pelo preço, isso vai atingir a população mais pobre, o que é indesejável”.
Em entrevista na manhã de hoje (13) ao Programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços, Rebelo disse que vai agir junto aos clubes e às entidades que organizam o futebol brasileiro (CBF e federações estaduais) para que uma parcela dos ingressos seja acessível à população mais pobre, a fim de que ela continue a frequentar os estádios.
O ministro reconheceu que existe uma tendência dos novos estádios cobrarem preços mais elevados, por causa dos custos de construção e manutenção das arenas, mas deu o exemplo da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Nos dois casos, o governo conseguiu fazer com que a Fifa destinasse 50 mil ingressos para participantes do Programa Bolsa Família, população indígena, além da chamada Quota 4 – para estudantes e a terceira idade.
O ministro manifestou otimismo quanto ao sucesso da Copa das Confederações, que será o principal evento teste para a Copa do Mundo de 2014 e disse acreditar que todos os estádios e todas as obras de mobilidade urbana e acessibilidade estarão concluídas a tempo da realização do Mundial. Ele garantiu que não existe Plano B para substituir os estádios com obras em atraso (Corinthians-Itaquerão e Internacional de Porto Alegre), pois tem certeza de que eles serão entregues dentro do prazo e sediarão os jogos previstos durante a Copa do Mundo.
O ministro ressaltou ainda a importância dos legados esportivos, culturais e urbanos que a população terá com a realização dos eventos. Ele destacou a geração de empregos – calculada em 3,6 milhões de postos de trabalho, e o retorno financeiro – estimado em US$ 3,4 dólares da iniciativa privada, para cada dólar investido pelo governo. “No turismo, já temos grandes investimentos em hotelaria e uma cadeia francesa pretende aplicar ainda R$ 2,5 bilhões até 2015 no setor”, acrescentou.
O ministro condenou o pessimismo com que alguns setores da sociedade encaram a Copa do Mundo e disse que esse comportamento é típico de “parte da nossa intelectualidade”, mas não se justifica. Rebelo também rebateu as críticas de que alguns estádios vão virar “elefantes brancos”, com baixa utilização depois da Copa, como o Estádio Nacional Mané Garrincha.
“A opinião desse pessoal não é que o estádio seja um elefante branco, é que Brasília é um elefante branco. Acham mesmo, no fundo, é que o próprio Brasil é um elefante branco. Por eles, o Brasil não deveria ter saído do status de colônia, e de preferência não de Portugal, mas francesa ou britânica. Acho que eles têm muita inveja dos países que são colônia até hoje”.
Para o ministro, o estádio de Brasília está à altura do nome que o batizou, de um gênio do futebol mundial, que foi Mané Garrincha, e “à altura da visão futurística da nossa capital”. Em sua opinião, o estádio Mané Garrincha vai acolher no futuro não apenas grandes jogos de futebol, como os da seleção e o recente Flamengo x Santos (70 mil espectadores), mas também espetáculos artísticos e culturais, feiras, congressos e turismo, pois fica numa área privilegiada do centro de Brasília, de fácil acesso ao público e a expectativa é que a renda desses eventos pague o investimento na obra, calculado em R$1,5 bilhão.
Edição: Denise Griesinger
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