De Monica Yanakiew
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Buenos Aires – Três pessoas morreram e cerca de duzentas ficaram feridas na manhã de hoje (13) quando um trem bateu em outro que estava parado, em Castelar – na periferia de Buenos Aires. O choque ocorreu 16 meses depois de outro acidente na mesma linha, que matou 51 pessoas e foi considerado o terceiro pior da história argentina.
O acidente de hoje aconteceu às 7h, quando um trem bateu em outro, que estava parado nos trilhos. O ministro do Interior e do Transporte, Florencio Randazzo, disse que as autoridades estão investigando os motivos do choque, mas descartou falhas no sistema de freios. Os freios do trem que bateu na traseira do que estava parado são da empresa brasileira Knor-Bremse e todos haviam sido trocados há pouco tempo, informou o ministro.
O governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, visitou os feridos e disse que “apenas cinco estão em estado grave”. Uma criança teve a perna amputada.
Na Argentina, o choque provocou comoção porque lembrou o outro acidente, ocorrido na Estação Once, no centro de Buenos Aires, na mesma linha de trens Sarmiento. A chamada “Tragédia do Once” aconteceu na manha do dia 22 de fevereiro de 2012, quando um trem entrou na estação em alta velocidade e chocou contra os freios de contenção. As autoridades ainda estão investigando os motivos do acidente.
Pablo Menghini, que perdeu um filho na Tragédia do Once, foi até o local do choque. “Sinto como se estivesse revendo uma cena similar. É muito triste perceber que depois de tantas mortes e denúncias sobre a falta de segurança no sistema ferroviário um acidente parecido volte a acontecer”, disse ele.
O presidente do Instituto Argentino Ferroviário – uma ONG especializada no sistema ferroviário do país – disse que muitas mudanças foram feitas desde a “tragédia do Once”. A empresa privada TBA, que tinha a concessão da linha Sarmiento, foi substituída por outra,com participação do estado. “Trocaram as vias, repararam trens, colocaram sistemas de GPS e substituíram os freios por outros, brasileiros”, disse Martorelli. “Ainda é cedo para determinar o que aconteceu”. Já delegados da linha Sarmiento disseram a imprensa argentina que o trem que se chocou não estava preparado para circular.
No inicio do mês, o ministro Randazzo anunciou a rescisão de contratos de concessão de ferrovias administradas por duas empresas privadas no país: a brasileira América Latina Logística (ALL) e a argentina Tren de La Costa Sociedad Anonima. Ambas acusadas de descumprimento de contratos e de não investir em manutenção. Segundo uma auditoria realizada em 2012, a ALL abandonou ramais, suspendeu vias e transferiu ativos sem autorização.
Edição: Denise Griesinger
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