Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Movimentos sociais brasileiros apresentaram hoje (28), em Genebra, Suíça, documentário denunciando remoções forçadas de moradores para obras relacionadas à Copa do Mundo de 2014. O vídeo e a campanha “Copa para quem?” foram lançados simultaneamente à 23ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que começou ontem e continua até 14 de junho.
A denúncia, apresentada em sala da sede europeia da ONU, em Genebra, onde ocorre a sessão do Conselho de Direitos Humanos, foi organizada pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop). A entidade reúne mais de 30 entidades e grupos contrários às violações de direitos humanos cometidas no processo de preparação urbanística para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
A coordenadora da Ancop, Cláudia Favaro, disse que as denúncias contidas no vídeo são impactantes, ao mostrar casos de famílias em diversas cidades do Brasil que sofreram com a repressão da polícia durante a remoção e que, após perderem suas casas, não foram devidamente indenizadas.
“Temos uma estimativa de que mais de 200 mil pessoas serão removidas de suas casas para dar lugar às obras, e o vídeo mostra bem esse contexto que o Brasil está vivendo”, contou ela. Com o nome Quem Ganha Esse Jogo? (no título em inglês, Who Wins This Match?), o vídeo foi produzido pela ONG norte-americana Witness, que apoia grupos de defesa de direitos humanos em todo o mundo por meio da documentação dos abusos denunciados.
Segundo Cláudia, as ações têm o objetivo de sensibilizar a ONU para que recomende ao governo brasileiro suspender as remoções forçadas. O grupo já havia feito denúncias na sessão passada do Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas segundo Cláudia, não foi suficiente. “O vídeo não é nem a primeira nem a última [iniciativa]. Continuaremos insistindo até a Copa do Mundo e depois da Copa do Mundo, pois, certamente, teremos muito o que reparar no país”.
A representante da Ancop criticou a postura do governo brasileiro de produzir relatórios sobre a situação que não se traduzem em ações. “Para nós, o monitoramento é bom, mas o que esperamos de fato é que tomem [governo] uma providência. Não basta saber o que está ocorrendo, é preciso evitar que essas pessoas continuem a ter os direitos violados”, concluiu.
A Agência Brasil procurou o Ministério das Relações Exteriores para obter uma posição do governo brasileiro sobre o assunto, mas até o fechamento da matéria não houve resposta por parte do Itamaraty.
Edição: Davi Oliveira
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