Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro- Apesar de reconhecer que será uma eleição difícil, o ex-ministro chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, está otimista em conseguir uma das três vagas na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), para o mandato entre 2014 e 2017. A eleição será no dia 6 de junho, no último dia da Assembleia Geral da OEA.
Na avaliação de Vannuchi, o mexicano José de Jesús Orozco Henríquez é bem avaliado. O colombiano Rodrigo Escobar Gil é membro da Comissão e há uma larga tradição na Comissão de recondução de integrantes. “É raro um candidato à recondução não ganhar mais quatro anos de mandato. Vamos lembrar que o Brasil já teve oito anos com Hélio Bicudo e oito anos com Paulo Sérgio Pinheiro”, disse.
O ex-ministro acrescentou que o norte-americano James Cavallaro é fundador de entidades ligadas aos direitos humanos, professor de Harvard e uma pessoa conhecida. “Basta haver uma distribuição de votos nestes três candidatos e eu ficarei de fora. O que eu digo para sustentar o otimismo que eu tenho e estou animado é que, de fato, a questão Brasil pesa fortemente e o meu vínculo com Lula para algumas pessoas chega perto da emoção das lágrimas. É uma eleição difícil que pode acontecer qualquer resultado e tem ainda dois candidatos do Equador e do Peru que podem ter também um número expressivo de votos”, analisou.
Para Vannuchi, o Brasil atravessa um momento importante e de prestígio diplomático após as eleições do ex-ministro José Graziano da Silva para o cargo de diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e de Roberto Azevêdo para a Organização Mundial do Comércio (OMC). Além disso, o país tem reconhecidas condições para atuar em intermediação e moderação em questões internacionais.
“A ideia é que quando se declara guerra todos os direitos humanos são anulados. Os direitos humanos são a celebração da vida e a guerra, a celebração da morte. Não há o menor sentido em fazer guerra em nome dos direitos humanos, não há sentido em ameaçar com uma guerra em nome dos direitos humanos. O instrumento dos direitos humanos nunca pode ser o arpão, o tridente, o canhão. Tem que ser a palavra. O México não tem, a Colômbia não tem, a Argentina não tem. Nenhum outro país tem a capacidade de ser ouvido por todos. E na arena internacional, na ONU e na OEA, é muito importante ter países com este papel”, esclareceu.
Paulo Vannuchi disse que pretende utilizar nas discussões a estratégia que usava quando era ministro e buscava o diálogo. Ele disse que diante da polarização partidária existente no Brasil entre o PT e o PSDB, procurou o partido de oposição para fazer junto algumas ações relacionadas aos direitos humanos.
Vannuchi informou que mesmo após deixar o governo se encontrou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para pedir o apoio dele no Legislativo para a aprovação da Comissão Nacional da Verdade. "Ali é o lugar de juntar os Estados Unidos e a Venezuela, sentar junto e dizer: nos direito humanos temos que criar pontes por sobre as nossas divergências geopolíticas e diplomáticas”, disse.
O ex-ministro destacou que como brasileiro, caso seja eleito, não poderá trabalhar em casos brasileiros de violação dos direitos humanos.
Edição: Fábio Massalli
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