Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Mais de 10 mil jovens deverão participam, a partir de amanhã (29), em Goiânia, do 53º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o presidente da Comissão da Anistia e secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, confirmaram presença no encontro, que vai até 2 de junho. Abrão vai analisar junto com os estudantes os casos de morte e tortura de ex-dirigentes da UNE durante a ditadura militar (1964-1985). A presidenta Dilma Rousseff foi convidada, mas não confirmou a participação.
Debates, grupos de discussão, plenárias e atividades culturais constam da programação do evento, no qual será realizado o primeiro Encontro Nacional de Estudantes Cotistas (beneficiados pela Lei de Cotas, que reserva vagas em universidades e institutos federais a alunos que tenham cursado todo o ensino médio em escolas públicas). Neste ano, 12,5% das vagas nas universidades e institutos federais devem ser destinadas a esses estudantes. Além do terceiro Encontro Nacional dos Estudantes Prounistas, que recebem bolsa integral ou parcial para estudar em instituições privadas de ensino superior.
No evento também será definida a nova direção da UNE, que atualmente é coordenada pela União da Juventude Socialista, vinculada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Segundo o atual presidente da entidade, Daniel Iliescu, os estudantes devem aproveitar a ocasião para debater os temas e cobrar maior participação dos estudantes na tomada de decisões. Uma das demandas é a criação de uma comissão de acompanhamento da implementação da Lei de Cotas (Lei 12.711/2012).
Outro destaque no congresso será a apresentação da primeira versão do relatório da Comissão da Verdade da UNE, lançada em janeiro deste ano. O caso do estudante Honestino Guimarães é o primeiro caso investigado. Para ajudar nos trabalhos, a UNE lançará uma campanha convocando órgãos e instituições vinculadas à memória e à verdade para se engajarem na busca pelos restos mortais de Honestino.
"O dossiê que vamos apresentar é uma sistematização de fragmentos, muitos já conhecidos, que envolvem o estudante. Estamos compilando informações e opiniões e trazendo informações recentes ligadas à família. Além disso, a Comissão da Verdade da UNE está se empenhando para sensibilizar o Estado, para descobrir o que aconteceu com Honestino", disse Iliescu.
A comissão da UNE tem o objetivo de apurar e esclarecer casos de morte e tortura de pelo menos 46 ex-dirigentes e pretente se tornar parceira da Comissão Nacional da Verdade. O grupo formado pelos estudantes espera que o material produzido por eles sirva de subsídio para o relatório final da comissão nacional, a ser apresentado no ano que vem. Iliescu destacou, porém, que os trabalhos poderão se estender para além do próximo ano, até que todos os casos sejam esclarecidos.
A cerimônia de anistia a Honestino Guimarães, que seria no Congresso da Une, como chegou a ser divulgado pela entidade, não será mais realizada. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, "a família preferiu pleitear a anistia para outro momento".
Mais informações sobre o 53º Congresso da Une podem ser obtidas no endereço: http://www.une.org.br/.
Edição: Nádia Franco
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