Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Enquanto a presidenta Dilma Rousseff inaugurava hoje (18), desta vez em Brasília, mais um estádio reformado para a Copa do Mundo, atletas e alunos de natação protestavam no Rio contra a demolição do Parque Aquático Julio de Lamare, anexo ao Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. Organizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), a manifestação ocorreu em frente ao estádio.
Reformado por R$ 10 milhões em 2007, o parque aquático conta com piscina olímpica, piscina aquecida, tanque de saltos e ginásio, que serão demolidos para dar lugar a estacionamento. A retirada das instalações esportivas consta do projeto de reforma do Maracanã e deixará atletas de cinco esportes olímpicos, além de alunos de projetos sociais, sem local para treinar.
O presidente da CBDA, Coaracy Nunes, questionou, no protesto, a demolição, “anunciada às pressas”, e reclamou que não tem para onde transferir os atletas olímpicos, entre eles o medalhista de saltos ornamentais César Castro. “Aqui é o melhor local para treinar nossas seleções olímpicas no Brasil”, garantiu.
Para contornar o problema, a CBDA enviou dez atletas para treinar na China, enquanto procura novas instalações. “Preciso de uma piscina com profundidade de 3 metros para salto sincronizado – modalidade com grande chance de medalhas olímpicas - e aqui não tem”, disse Coaracy. O Parque Aquático Maria Lenk, que poderia recebê-los, será fechado para reforma em breve.
Também participaram do protesto, idosos que faziam aulas de natação e hidroginástica no local em projeto social do governo do estado. As aulas foram interrompidas em abril, com a promessa de que seriam transferidas para o América Futebol Clube, nas imediações. No entanto, até hoje, a única informação é que a parceria com a Secretaria Estadual de Esporte não foi fechada.
“Fomos ao América semana passada e o representante do clube disse que o contrato com o governo ainda não foi feito”, contou o aposentado Hermógenes Peçanha, de 85 anos, que frequentava as aulas duas vezes por semana. Neste sábado, ele cobrou a retomada do projeto. “Era uma qualidade de vida que eu tinha, é a atividade física que me mantém vivo”, completou.
De acordo com o governo do estado, a demolição do Julio de Lamare é necessária para transformar o entorno do Maracanã em um "grande centro de entretenimento” e também para atender às necessidades de escoamento e circulação de público “nos padrões internacionais". Sobre o convênio com o América, o governo informou que o objetivo é fechar a parceria até junho.
Edição: Davi Oliveira
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