Gilberto Costa
Correspondente da Agência Brasil / EBC
Lisboa - Trinta e sete mil pessoas devem chegar até o fim do dia de hoje (13), a pé, à cidade de Fátima – interior de Portugal – para celebrar os 96 anos da aparição de Nossa Senhora. O número estimado de peregrinos é maior do que o do ano passado. Segundo a Igreja Católica, mais de 7 mil pessoas devem visitar o Santuário de Fátima este ano.
Em 13 de maio de 1917, três crianças – Lúcia de Jesus dos Santos (10 anos), Francisco Marto (9 anos) e Jacinta Marto (7 anos) – disseram ter visto Nossa Senhora pairando sobre uma árvore de azinheira.
Em torno da árvore se ergueu o santuário que, nas celebrações de hoje e de ontem (12), deve reunir peregrinos de 32 países. De acordo com a agencia de notícias Ecclesia, ligada à Igreja Católica, há 166 grupos de visitantes e, entre os peregrinos estrangeiros, os mais numerosos são brasileiros, italianos e poloneses.
O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, preside a peregrinação internacional a Fátima. Na missa celebrada ontem no Santuário de Fátima, o arcebispo agradeceu aos portugueses pela fé transmitida aos brasileiros. Ele disse que no Brasil, em todas as cidades onde houve migração portuguesa, há “uma Igreja, um oratório, alguma referência a Nossa Senhora de Fátima”.
Apesar da forte herança lusitana, a Igreja Católica está preocupada com a redução no número de fiéis no Brasil. Segundo a agência pública de notícias de Portugal Lusa, houve diminuição de 1,6 milhão de fiéis em dez anos. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o catolicismo se mantém como religião majoritária entre os brasileiros, a proporção caiu de 73,6% da população para 64,6% na última década. A porcentagem é inferior à verificada em outros países da Europa como Portugal, onde oito em cada dez habitantes se declaram católicos.
Segundo dom Orani João Tempesta, “há uma conjugação de vários fatores” para a explicar a diminuição no número de fiéis católicos no Brasil, tais como a migração das pessoas das zonas rurais para as cidades.
Em dias de fé e peregrinação, a crise econômica em Portugal não foi esquecida. O bispo de Leiria-Fátima, dom António Marto, disse que é necessário “um consenso básico fundamental” para sair da crise, evitar o aumento da pobreza na população e retomar o desenvolvimento do país.
A crise econômica, que já provocou o desemprego de mais de 950 mil pessoas em Portugal, causa turbulência política inclusive dentro do governo. De acordo com a Agência Ecclesia, o bispo de Leiria-Fátima fez um apelo para que o país busque consenso. “É um apelo a todos os responsáveis – não só aos que estão no governo, mas aos de outros partidos – aos parceiros sociais e a todos os atores da vida social, para sentirem esta questão como sua, vendo que é todo o povo que sofre”, disse dom António Marto.
Edição: Talita Cavalcante