Gilberto Costa
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Lisboa - O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou novo boletim em que mostra que o desemprego já afetava 952,2 mil pessoas em Portugal em março deste ano. A taxa oficial de desemprego agora chega a 17,7%. Nos três primeiros meses de 2013, mais 29 mil pessoas ficaram desempregadas – piora de 3,1% na comparação com dezembro passado.
Em relação a março de 2012, o percentual é 16,2% maior (132,9 mil pessoas a mais sem emprego). O resultado confirma que o país ocupa a terceira pior posição na Europa em percentual e volume de pessoas desempregadas – atrás apenas da Grécia e da Espanha, também em crise.
O desemprego não afetou toda a sociedade portuguesa de maneira uniforme. Dos 132,9 mil postos de trabalho eliminados em um ano, 49,3 mil eram ocupados por pessoas com 45 anos ou mais e 44,8 mil vagas, por pessoas entre 25 e 34 anos (as duas faixas etárias concentram 70% do desemprego). A maioria dos desempregados no período (57,9%) é formada por homens (76,9 mil pessoas).
Mais da metade das pessoas desempregadas (69,8 mil) entre março do ano passado e março deste ano têm no máximo o terceiro ciclo do ensino básico – equivalente ao ensino fundamental completo no Brasil. Mais de 30 mil cursaram até o ensino secundário (médio) e 32,3 mil pessoas entre os novos desempregados têm curso superior.
Entre as regiões de Portugal, também há variação da taxa de desemprego. “No primeiro trimestre de 2013, as taxas de desemprego mais elevadas e superiores à média nacional foram registadas [ao Sul] no Algarve [20,5%], na Região Autônoma da Madeira [20,0%], [na região metropolitana de] Lisboa [19,5%], no Norte [18,6%] e no Alentejo [18,5%]. Os valores inferiores à média nacional [17,5%] foram observados no centro [13,3%] e na Região Autônoma dos Açores [17%]”, informa o INE.
As novas estatísticas não pegam o governo de surpresa. A projeção do Ministério das Finanças (equivalente ao Ministério da Fazenda no Brasil) é a de que a taxa de desemprego seja de quase 19% no final do ano e que a recessão (queda do Produto Interno Bruto - PIB) seja 2,3%. Os dados divulgados ontem (8) também pelo INE registram os efeitos da crise na indústria.
Além da crise econômica internacional, que afeta toda a Europa, Portugal tem problema de endividamento excessivo (mais de 125% do PIB) e de déficit público permanente (cerca de 6% no último ano). A situação das contas públicas forçam a austeridade e o corte de gastos inclusive com o seguro desemprego. Há quem diga, como o ex-presidente Mário Soares, que Portugal enfrenta o pior momento desde 1974.
A gravidade da situação socioeconômica já afeta a governança. Desde o ano passado, o governo já enfrentou quatro moções de censura pedidas pelos partidos de oposição, e dentro da coligação que sustenta o governo há sinais de desgaste.
Os novos números do desemprego, o pacote de austeridade anunciado pelo governo e as divergências na base aliada do governo serão discutidos amanhã (10) na Assembleia da República, onde o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho fará o pronunciamento quinzenal.
Edição: Talita Cavalcante
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