Gilberto Costa
Correspondente da Agência Brasil
Lisboa – O volume de negócios da indústria de Portugal caiu 8,3% em março deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado. O indicador está em queda desde antes do programa de ajustamento econômico, iniciado em abril de 2011, e é negativo há 38 meses (desde setembro daquele ano); período que corresponde ao da recessão econômica de 2011 e 2012 – com queda do Produto Interno Bruto (PIB) de -1,6% e -3,2%, respectivamente.
O dado consolidado para o primeiro trimestre de 2013 indica recuo de 5,9% no volume de negócios da indústria. Com a diminuição, também caem a oferta de emprego no setor industrial (-3,7%), o volume de remuneração (-2,1%) e o total de horas trabalhadas (-4,4%), informa o Instituto Nacional de Estatística (INE), que equivale ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda mais acentuada, de 22%, ocorreu na compra de bens de capital (máquinas e aparelhos).
As vendas da indústria caíram tanto para o mercado interno (-9,2%) quanto para o mercado externo (-7,2%). Com a queda do consumo interno – causada pela diminuição do poder de compra das famílias e das empresas, o governo português vem estimulando o aumento das exportações de bens industriais (com maior valor agregado que os produtos primários) e, recentemente, anunciou pacote para atenuar a crise e vender mais ao exterior.
Além do superávit nas transações comerciais, o governo persegue, desde o início do programa de ajuste econômico, o controle do déficit público para poder voltar a negociar regularmente os títulos da dívida pública e assim financiar a economia. Ontem (7), Portugal emitiu 3 bilhões de euros em títulos da dívida pública com prazo de 10 anos para pagamento. Segundo o ministro das Finanças, Vitor Gaspar, a emissão foi um “grande sucesso ” e a procura pelos papéis superou a oferta em “mais que três vezes”.
O porta-voz para os Assuntos Econômicos e Financeiros da Comissão Europeia (CE), Simon O'Connor, afirmou que o desempenho da emissão da dívida é uma “indicação clara” da confiança dos investidores na economia portuguesa e reflete a concretização do programa de ajustamento que é patrocinado pela própria CE, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional; a chamada Troika que está em visita técnica a Portugal.
A despeito da avaliação dos credores internacionais e do governo, o desempenho dos títulos da dívida não foi considerado “grande sucesso” por todos em Portugal. Conforme o economista Luís Salgado de Matos, do blog O Economista Português, a emissão de títulos “está na fronteira do insustentável financeiramente”, por causa dos juros que Portugal promete pagar - 38% acima do que a Espanha faz, apesar dos vizinhos ibéricos também estarem em grave crise, mas sem intervenção da Troika.
*Com informações da Agência Lusa
Edição: Denise Griesinger
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil