Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará , o Consórcio Construtor Belo Monte lamentou a posição da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Pará em relação à decisão da Justiça paraense que resultou na retirada de três jornalistas do canteiro de obras ocupado por manifestantes desde a última quinta-feira (2).
Mais cedo, as duas entidades divulgaram nota conjunta repudiando a decisão da juíza estadual Cristina Sandoval Collyer, da Comarca de Altamira (PA). Na última sexta-feira (3), a magistrada acatou parcialmente o pedido de reintegração de posse do canteiro Belo Monte, ajuizado pelo consórcio. Embora não tenha determinado a retirada dos manifestantes da área (a maioria é formada por índios da etnia Munduruku e questões envolvendo povos indígenas é competência da Justiça Federal), a juíza concedeu a reintegração de posse e determinou a saída dos não índios que estivessem ocupando o local.
Com a sentença, o fotógrafo da Reuters Lunaé Parracho; o correspondente da Rádio França Internacional (RFI) no Brasil, François Cardona; e o jornalista e assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Ruy Sposati, foram retirados do canteiro de obras. Sposati foi multado em R$ 1 mil por ter contrariado uma sentença judicial de outubro de 2011, que o proibia de, junto com outras pessoas, voltar a ingressar no empreendimento.
Fenaj e o sindicato paraense classificaram o episódio como uma “brutal agressão ao exercício profissional” e uma “condenação a quem se dispõe a prestar o serviço da denúncia de diversos problemas vividos pela população da região à sociedade paraense e brasileira”. Para o consórcio, o posicionamento das duas entidades é fruto da desinformação.
“A Fenaj e o sindicato estão desinformados. Lamentamos não termos sido procurados para que pudéssemos esclarecer os fatos. É lamentável que as entidades contrariem um princípio básico do jornalismo, que é ouvir o outro lado”, disse há pouco, à Agência Brasil, o assessor do consórcio, Fernando Santana.
Santana garantiu que o consórcio não restringe ou impede o trabalho jornalístico, independente do teor das matérias. Segundo ele, além dos repórteres dos vários veículos que cobrem o assunto com regularidade, ao menos 64 profissionais de diferentes nacionalidades já visitaram o empreendimento para produzir reportagens especiais.
“Não há proibição ou limitação ao trabalho jornalístico, desde que o ingresso no canteiro de obras seja previamente agendado”, disse o assessor, criticando a iniciativa da Fenaj e do sindicato, que, segundo ele, coloca os três jornalistas na condição de “pobres vítimas”.
“A área é privada e nela só deve entrar quem estiver autorizado pelo consórcio, que é quem responde juridicamente por qualquer coisa que aconteça no local. Os três citados entraram acompanhando os índios. Depois que todas as outras equipes jornalísticas deixaram a área, sem nenhum problema, os três permaneceram acampados no interior do canteiro. Durante o tempo que lá permaneceram, nenhum deles procurou o consórcio em busca de informações, para ouvir o outro lado. Se as entidades entendem que isso é o exercício da função jornalística, nós não concordamos. Para o consórcio, eram invasores”, disse Santana, acrescentando que o Consórcio Construtor Belo Monte defende a liberdade de imprensa e respeita o exercício da função, mas que a profissão não pode ser usada como álibi para a prática do ativismo ambiental.
Edição: Carolina Pimentel
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