Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O atropelamento de mais um ciclista hoje (3), na Praia do Flamengo, acirra o debate sobre a necessidade de segurança de usuários de bicicletas na cidade do Rio de Janeiro e, por extensão, nos grandes centros urbanos. Diego dos Santos foi socorrido pelos bombeiros e levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, de onde já teve alta.
Com esse, são três os ciclistas atropelados em menos de uma semana na capital fluminense. No último dia 30 de abril, o triatleta Pedro Nikolay foi atropelado e morto por um ônibus da Linha 433, em plena Praia de Ipanema, na zona sul da cidade, quando treinava para participar de uma competição internacional. No dia 1º deste mês, em pleno feriado do Dia do Trabalho, foi a vez de Alberto da Silveira Júnior ser alvo do motorista de um carro na Praça da Bandeira, no centro, que fugiu sem prestar socorro.
Alberto fraturou um osso da perna e rompeu os ligamentos do tornozelo. Ele permanece hospitalizado dependendo de autorização do plano de saúde para ser operado, o que deve ocorrer nos próximos dias, disse à Agência Brasil sua esposa, Denise Charpenel. A princípio, o ciclista atropelado tem direito a receber o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat).
Dependendo, porém, do resultado do inquérito que corre na 18ª Delegacia Policial e da possível identificação do atropelador, Alberto poderá abrir processo civil contra o motorista, requerendo indenização por danos materiais e lesão corporal, admitiu Denise.
Luciana Magalhães, professora de educação física que organizou uma manifestação pacífica na orla do Rio, no dia 1º, pedindo mais segurança no trânsito, reclamou da falta de respostas concretas das autoridades. Ela disse à Agência Brasil que está faltando educação por parte de motoristas e de pedestres: "Não adianta ficar colocando cone e sinalização na rua, se não se educa os motoristas de ônibus e os pedestres também”.
Integrante da organização não governamental Transporte Ativo, João Guilherme Lacerda informou que a linha de atuação da entidade não se pauta pelas ocorrências do dia a dia, como os atropelamentos de ciclistas. A ONG acredita mais que “quanto mais pessoas e quanto mais incentivos elas tiverem para estar na rua, seja a pé ou de bicicleta, certamente mais segurança vai haver”.
Falando à Agência Brasil, Lacerda ressaltou que, embora haja uma dificuldade de serem levantados dados estatísticos, o “crescimento exponencial” registrado nos últimos anos tornou a bicicleta cada vez mais segura. “Isso é realidade aqui em São Paulo, onde eu moro, e é realidade em todos os estudos que você for buscar”.
A linha de atuação da ONG Transporte Ativo é conscientizar as pessoas de que a bicicleta em si é um veículo seguro - “a gente não tem casos de ciclista que mata alguém ou de ciclista que morre sozinho porque a bicicleta se desintegrou embaixo dele ou explodiu e matou ele”. Lacerda assegurou que os fatos envolvendo ciclistas são fruto da dinâmica do trânsito, “que a gente está trabalhando para mudar e que, hoje em dia, é extremamente cruel com quem está fora do automóvel”.
Para o integrante da ONG, cujo lema é “Por um futuro mais limpo e por um trânsito mais seguro”, a segurança dos ciclistas está inserida na segurança viária como um todo. A meta da organização é que as pessoas possam cada vez mais usar a bicicleta com segurança. “Esse maior uso vai acarretar diretamente diminuição das estatísticas, até que a gente chegue na meta sueca que é zero acidente com gravidade envolvendo pessoas no trânsito”.
Edição: Davi Oliveira
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