Marcelo Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O subsecretário adjunto e coordenador-geral do Escritório de Gerenciamento de Projeto da Secretaria da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, José Cândido Muricy, disse, nesta terça-feira (10), que o governo não investirá em outras obras no Maracanã visando a adequar-se aos Jogos Olímpicos.
“Com o dinheiro do governo, não [serão feitas obras adicionais]. A cerimônia [das Olimpíadas] ocorrerá de qualquer maneira no formato atual do Maracanã. O que pode ocorrer é uma negociação do COI [Comitê Olímpico Internacional] com a concessionária, caso o estádio esteja sob concessão. Se não houver concessão e o estado for dono do estádio não haverá custo nenhum. Nós não acataremos essas exigências deles”.
Muricy representou a cidade do Rio de Janeiro em audiência pública da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados. Respondendo perguntas do presidente da comissão, deputado Romário (PSB-RJ), ele também explicou que a cidade não atenderá a todas as exigências feitas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) e pelo COI. Segundo ele, algumas delas são inviáveis.
“Eu lido diariamente com Fifa e com o COI e a quantidade de requerimentos que eles fazem para sediar esses jogos é enorme e muitas delas não fazem sentido nenhum. Muitas delas nós simplesmente não atenderemos. Na verdade, o objetivo maior de um grande evento é servir à cidade e não a cidade ao grande evento”.
O subsecretário citou como exemplo a capacidade de carga do teto. Ele explicou que o teto do Maracanã suporta 81 toneladas e a exigência do COI é 380 toneladas. “Isso necessitaria de um reforço estrutural absurdo, que custaria mais alguns milhões, além dos muitos milhões gastos. De maneira nenhuma esse estádio impede ou dificulta qualquer tipo de cerimônia ou grande pirotecnia”.
Representantes do Recife também estiveram na audiência, apresentando seus projetos para a Copa e respondendo perguntas dos deputados. George Braga, secretário de Esportes e Copa do Mundo da capital pernambucana, explicou que a Arena Pernambuco, erguida em São Lourenço, na região metropolitana de Recife, foi pensada para estimular o desenvolvimento do local e servir à população em diferentes áreas além da esportiva.
“A arena é feita para receber grandes espetáculos. Além disso, faz parte do projeto, do que viabiliza economicamente a arena, o investimento imobiliário do entorno. Ela não nasce somente para viver do futebol, ela nasce para viver de um conjunto de ações criadas no entorno, dentro da ideia de centralidade nova que concebemos”.
Representantes de Brasília, também convidados a participar da audiência, não compareceram. Romário lamentou a ausência da capital federal nos debates. “Segundo eles, hoje tinha uma reunião com determinado órgão que, na concepção deles, é mais importante do que dar a resposta para o povo brasileiro e de Brasília. É uma pena que as pessoas que estão dentro, diretamente, da Copa do Mundo, não tenham coragem de botar a cara aqui e dizer, no mínimo, 'desculpa por estar gastando o dinheiro de vocês indevidamente'”.
Edição: Fábio Massalli
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