Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Com baixos orçamentos, escrevendo, produzindo e dirigindo seus filmes, o cineasta independente Samuel Fuller conseguiu influenciar grandes nomes do cinema como Quentin Tarantino e Wim Wenders. “Filmava o que quisesse e da maneira que bem entendesse. Seus filmes são originais em seus erros e acertos. Esse ímpeto, esse impulso, aliado ao estilo direto e sem firulas, marcou a história do cinema” ressaltou Júlio Bezerra, curador da mostra do norte-americano que poderá ser vista no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) da capital paulista até o próximo dia 31.
Serão exibidas obras como Agonia e Glória (1980), Beijo Amargo (1964), Paixões Que Alucinam (1963), Cão Branco (1982) e Dragões da Violência (1957). “Estes filmes, juntos, manifestam toda a particularidade do estilo de Fuller - os personagens de moral duvidosa, o mundo contraditório que ele constitui”, explicou Bezerra sobre o trabalho do cineasta que gostava de personagens como prostitutas regeneradas, soldados amargurados e jornalistas inescrupulosos.
Nos filmes, Fuller traz elementos de suas experiências pessoais. O cineasta foi jornalista e soldado de infantaria na 2ª Guerra Mundial. “Seus filmes são sempre diretos, preocupados com uma certa precisão dramática. Como em uma matéria [jornalística], você pode, a cada plano, identificar uma espécie de lead [primeiro parágrafo da reportagem, que traz as informações mais importantes]”, acrescentou Bezerra.
A ideia da mostra era trazer todas as obras de Fuller. Mas, devido ao péssimo estado de conservação de algumas cópias, isso não foi possível. “Foi o caso de No Umbral da China. Contudo, conseguimos cópias novas para os filmes mais importantes”, informou o curador sobre a mostra que também será exibida em Brasília (de 26 de março a 14 de abril) e no Rio de Janeiro (de 16 de abril a 5 de maio).
Edição: Graça Adjuto
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