Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A pesquisa feita por médicos da Universidade Federal Fluminense (UFF) que constatou não existir relação do carnaval com incidência de infecção por HIV - a festa é sempre usada pelo Ministério da Saúde nas suas campanhas de combate às doenças sexualmente transmissíveis - foi comentada hoje (26) pelo diretor adjunto do Departamento de DST/Aids do ministério, Eduardo Barbosa. Durante seis anos, os médicos analisaram a relação entre a demanda e a positividade dos testes sorológicos anti-HIV feitos no Laboratório Central de Saúde Pública Miguelote Viana, que atende Niterói e mais seis municípios da região metropolitana do Rio, e constataram a inexistência dessa correspondência.
Segundo Barbosa, o ministério sabe que não existe essa relação, pois faz um acompanhamento nacional dos casos de infecção, e que utiliza a visibilidade do carnaval, do réveillon e de outras datas para massificar o uso do preservativo no combate a doenças sexualmente transmissíveis. “A visibilidade que se tem no carnaval e na festa de virada do ano não significa que nesse período existam números maiores de infecção. Nós acompanhamos as grades, tanto de testagem como de número de novos casos, e vemos que ao longo do ano elas são regulares”, disse à Agência Brasil.
O diretor adjunto do Departamento de DST/Aids considera incorreta a visão de que as campanhas anti-HIV do Ministério da Saúde se limitem às duas festas. “No contexto do enfrentamento da epidemia de HIV/Aids, o carnaval e o réveillon são momentos de se ampliar a estratégias de comunicação em saúde, mas isto ocorre também em festas como a do peão boiadeiro, no Rock in Rio e em diversos eventos pelo Brasil afora”, disse Eduardo Barbosa.
Para ele, a pesquisa da UFF é válida, mas reflete a realidade apenas de uma determinada região do estado do Rio de Janeiro, mesmo que não seja diferente de outras áreas do país. Mais importante para o departamento, na formulação de suas estratégias de ação, é a Pesquisa de Comportamentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira (PCAP), feita a cada dois anos pelo ministério, com base em uma amostragem de cerca de 30 mil pessoas e abrangendo tanto a questão do HIV como a da hepatite.
“É uma pesquisa também relacionada com questão da sorologia, da testagem, com o objetivo não só da identificação do número de casos mas também a de atingir as pessoas que vivem com HIV mas não sabem, porque nunca fizeram o teste . Estima-se que são cerca de 155 mil pessoas nessa condição no país”, explicou.
A distribuição maciça de preservativos – cerca de 500 milhões de unidades por ano – é, segundo Barbosa, uma ação para ampliar todo um leque de informações e dar visibilidade à campanha permanente desenvolvida pelo ministério, pelos estados e municípios e por organizações da sociedade civil. “Cada vez mais procuramos focar nossas ações para populações que se encontram em maior risco de vulnerabilidade, e outras estratégias de comunicação estão sendo trabalhadas. Acabamos, por exemplo, de entrar nas redes sociais, como Facebook, Twitter, Youtube e Instagram”, disse o diretor adjunto do Departamento de DST/Aids.
Edição: Aécio Amado
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