Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Caso não consigam acordo com o governo federal para alterar pontos da Medida Provisória (MP) 595/2012, que reestrutura os portos do país, os trabalhadores do setor prometem dificultar a descarga de produtos brasileiros em todo o mundo com apoio de duas entidades classistas internacionais: a International Transport Workers Federation (ITF) e a International Dockworkers Council (IDC).
Os trabalhadores também anunciaram paralisação nos portos amanhã (22) e na próxima semana. Em entrevista coletiva de imprensa hoje (21), em Brasília, entidades de trabalhadores alegaram que a MP representa, na verdade, uma privatização da atividade portuária.
Segundo disse o presidente da Federação Nacional dos Avulsos (Fenccovib), Mário Teixeira, à Agência Brasil, "caso as discussões não avancem, portuários dos cinco continentes, ligados à ITF e à IDC, poderão ser acionados para recusar desembarcar as cargas originárias do Brasil".
Em protesto contra a MP, portuários e estivadores (trabalhadores que fazem o movimento de carga dentro dos barcos) anunciaram a paralisação das atividades amanhã (22), das 7h às 13h, e terça-feira (26), das 13h às 19h. Está prevista também para amanhã uma reunião com representantes da Casa Civil para discutir o assunto.
A MP que trata da modernização dos portos brasileiros tem sido muito criticada pelos sindicalistas. Na semana passada, em reunião com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, representantes de trabalhadores do setor portuário pediram ao governo federal mais discussão sobre as mudanças introduzidas pela medida provisória.
“O governo precisa assumir que está privatizando. Vamos fazer nossa resistência para mostrar isso à população, mostrar que a MP poderá acabar precarizando o trabalho portuário”, disse o presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Eduardo Guterra, também presente à coletiva.
De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Estivadores (FNE), Wilton Barreto, 38 portos brasileiros já estão mobilizados. Entre as críticas, está a de falta de transparência nas discussões que resultaram na MP. “Prova disso é que nem o Ministério do Trabalho nem o Ministério Público do Trabalho foram convidados a participar do processo”, disse Barreto.
Os representantes sindicais das categorias garantem que a paralisação não afetará remédios, alimentos perecíveis e outras cargas cujo atraso no desembarque possa prejudicar a população.
“Nossa orientação é de respeito à sociedade. Não vamos deixar que a população sofra em decorrência do nosso movimento”, explicou Guterra, presidente da FNP. “Mas esse é apenas o início da nossa mobilização. Há a possibilidade de ela ficar mais intensa e por mais tempo”, disse o presidente da Fenccovib, Mário Teixeira.
“Amanhã [na reunião com a Casa Civil], se houver sinalização do governo em negociar, poderemos discutir a possibilidade de rever a greve de terça e as prioridades do movimento”, ponderou Barreto.
Edição: Davi Oliveira
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