Brasília - O papa Bento XVI fez um apelo hoje (13) em sua última missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, pelo fim da "hipocrisia religiosa" e de "rivalidades" dentro da Igreja Católica.
"O rosto da Igreja é por vezes marcado pelos pecados contra a unidade da Igreja e divisões no clero", disse o sumo pontífice, que trajava as tradicionais vestes roxas das celebrações da Quaresma, período católico de penitência antes da Páscoa.
Bento XVI, que anunciou na segunda-feira a renúncia ao papado por falta de capacidade física, disse que "a cara da Igreja" se apresenta "por vezes, desfigurada".
"Penso nos ataques à unidade da Igreja, nas divisões no corpo eclesiástico", disse o papa, perante os cardeais. Ele apontou a incoerência dos que se insurgem contra "os escândalos e injustiças naturalmente cometidas por outros", mas que não estão "prontos a agir no seu próprio coração, consciência e intenções".
Visivelmente debilitado, o papa foi transportado em uma plataforma móvel da entrada da vasta nave da Basílica de São Pedro até o altar.
No início do dia, na sua audiência semanal com milhares de fiéis no auditório do Vaticano, o cardeal Joseph Ratzinger foi recebido com uma ovação de pé e aclamações de "Benedetto" por parte da audiência. "Continuem a rezar por mim, pela Igreja e pelo futuro papa", disse Bento XVI, com a voz embargada.
O Vaticano anunciou que os 117 cardeais eleitores do novo papa vão se reunir a 15 de março ou nos dias seguintes para escolher o sucessor. O conclave terá lugar na Capela Sistina, ao longo de vários dias, e o nome do novo papa deverá estar escolhido até a Páscoa. Entre os candidatos estão europeus e norte-americanos, mas também sul-americanos e africanos.
Bento XVI deixará o papado em 28 de fevereiro, às 19h GMT (chamada hora de Greenwich, equivalente às 16h de Brasília, fora do horário brasileiro de verão). Após a renúncia, ele seguirá para a residência papal de Castel Gandolfo, perto de Roma, onde irá viver temporariamente, enquanto é renovada a sua nova residência permanente no Vaticano.
Até a saída, terá encontros com o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, e com o presidente Giorgio Napolitano, em período no qual o país vive a campanha eleitoral para as eleições de 24 e 25 de fevereiro.
O seu último evento público será a audiência de 27 de fevereiro, na Praça de São Pedro. O sumo pontífice disse hoje ser capaz de sentir "o amor dos fiéis, quase fisicamente, nestes dias difíceis".
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