Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Confederação Sul-Americana de Atletismo e da Confederação Brasileira de Atletismo, Roberto Gesta de Melo, reiterou hoje (1º), em entrevista à Agência Brasil, o repúdio das duas entidades à decisão do governo fluminense de demolir o Estádio de Atletismo Célio de Barros, que integra o Complexo Esportivo do Maracanã, no Rio de Janeiro.
De acordo com o projeto, o estádio cederá lugar a área de estacionamento do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, para a Copa do Mundo de 2014.
Ontem (31) à noite, durante manifestação na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro da cidade, a Confederação Sul-Americana e suas filiadas divulgaram nota de solidariedade aos atletas, dirigentes e técnicos brasileiros contrários à demolição do Estádio Célio de Barros. As entidades solicitaram às autoridades governamentais do Rio de Janeiro que reconsiderassem a decisão.
“Nós somos totalmente contrários a isso. Estamos vendo com muita preocupação, porque o Célio de Barros, além de ser um marco na história do desporto nacional, estrategicamente, é o ponto de referência do atletismo para a preparação dos atletas do Rio para os Jogos Olímpicos de 2016. E, inclusive, para a preparação de atletas estrangeiros. No Rio, faltam praças de esporte no atletismo. Esse é o evento mais importante dos Jogos Olímpicos”, disse à Agência Brasil.
Gesta acentuou que, além de ser um local de preparação de atletas de elite, o Célio de Barros abrigava eventos relacionados com a preparação de jovens talentos. É, ainda, um local de fácil acesso e ponto de convergência de vários bairros cariocas. “Tem toda essa tradição do esporte brasileiro”.
Segundo o dirigente, a posição das duas confederações conta com a adesão das federações nacionais de diferentes países da América do Sul, entre os quais as da Venezuela, da Colômbia, do Peru e da Argentina. Gesta demonstrou esperança de que o governador Sérgio Cabral reveja a decisão de demolir o equipamento, como ocorreu em relação ao Museu do Índio.
Nos dias 4 e 5 deste mês, Gesta estará em Mônaco, na Europa, onde participará de reunião com o presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo e com os titulares das demais federações da Europa, da África, da Ásia, da América do Sul, da América do Norte, da América Central e do Caribe. Ele vai aproveitar a oportunidade para apresentar a situação e pedir apoio pela manutenção do estádio.
Procurado pela Agência Brasil, o governo fluminense estranhou a reclamação. "O movimento das federações e confederações faria sentido se o governo do estado se limitasse a demolir o Célio de Barros. Acontece que o governo do estado está incluindo na concessão a obrigação de o concessionário construir outro centro de treinamento para o atletismo, muito mais moderno que o atual Célio de Barros, em local muito próximo”.
O governo informou ainda que a demolição do Célio de Barros visa a “abrir espaços dentro do Complexo do Maracanã para que se possa dotar o estádio dos equipamentos necessários para que ele possa atingir os padrões internacionais das grandes arenas esportivas”. Não há ainda um cronograma para a demolição do estádio.
Edição: Davi Oliveira
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