Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine), o Ministério da Cultura lançou hoje (31), no Rio de Janeiro, uma nova linha de crédito voltada à digitalização das salas de cinema, dentro do Programa Cinema Mais Perto de Você.
A linha terá dotação de R$ 146 milhões, oriundos do Fundo Setorial do Audiovisual, que serão investidos na promoção da atualização tecnológica do parque exibidor nacional, de modo a adequá-lo ao processo de modernização em curso atualmente no mundo.
O presidente da Ancine, Manoel Rangel, disse à Agência Brasil que o programa atende a um anseio antigo dos exibidores brasileiros. “Ele faz parte dos esforços do governo federal, do Ministério da Cultura e da Ancine para expandir o parque exibidor brasileiro, fortalecer as empresas brasileiras que atuam na exibição e fazer um grande mercado interno acessível aos brasileiros, aos filmes feitos no Brasil e às distribuidoras nacionais”.
Rangel explicou que a digitalização é um processo que ocorre em todos os países hoje e que vem se acelerando nos últimos anos. “Com o lançamento desse programa de digitalização, nós estamos equiparando o Brasil com o que os maiores países do mundo estão fazendo, para que as mais de 240 empresas que atuam no mercado exibidor possam garantir a permanência, o funcionamento e a modernização das suas salas e, portanto, fortalecer o mercado interno”.
Na avaliação da ministra da Cultura, Marta Suplicy, a linha de crédito representa “uma janela de oportunidades gigantesca” para o cinema nacional. “Nós queremos mais salas de cinema abertas. E isso é uma economia muito grande para os produtores porque, por meio da digitalização, você não só barateia, mas evita a logística”.
A ministra não tem dúvidas que, com a digitalização das salas de exibição, o cinema do Brasil entra em uma nova era, mais avançada. “Desde que a presidenta Dilma disponibilizou R$ 700 milhões para a Ancine, nós entramos [em uma nova época]”, disse. “Agora, vamos acontecer”. Para o público exibidor especificamente, Marta disse que se trata de um investimento de vulto que permitirá a modernização das salas.
A ministra acrescentou que junto com o vale-cultura, a digitalização das salas vai fazer com que o cinema brasileiro tenha novas possibilidades. “As salas de cinema hoje têm dificuldade, às vezes, de ter público com capacidade de acesso. Recurso mesmo para pagar cinema toda semana. Com o vale-cultura, isso vai melhorar muito. As pessoas assalariadas que recebem até cinco salários mínimos a que o empregador entrar no vale-cultura vão poder ir ao cinema várias vezes por mês. Então, nós temos que ter mais salas”.
Marta diz que a linha de crédito para digitalização é um “chamamento para a abertura” de novas salas de cinema. Para os exibidores que estejam, talvez, desanimados e pensem em fechar suas salas, ela deu o recado: “Se você tem uma [sala] que quer fechar, não fecha não, porque vai bombar”.
O presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec), Paulo Lui, demonstrou entusiasmo com o lançamento da linha de crédito. “Vejo com bastante entusiasmo e otimismo. Porque, finalmente, estão pensando na exibição”, disse . “Os exibidores sempre foram meio que alijados dos incentivos. Então, a gente fica muito contente. Essa linha de digitalização é muito importante para nós”.
Lui disse que o setor do audiovisual tem sido contemplado por vários programas de apoio recentemente, entre os quais o Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura (Procult), o Programa Cinema Mais Perto de Você e o Regime Especial de Tributação para o Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine).
O cineasta Roberto Farias disse que “está apoiando” qualquer nova iniciativa no sentido de dinamizar o cinema. Mesma atitude teve Adhemar de Oliveira, primeiro exibidor beneficiado pelo Programa Cinema Mais Perto de Você, da Ancine, que inaugurou em 2010 o primeiro complexo de salas de exibição em regiões populares no Rio de Janeiro, o Cine10, no bairro do Jardim Sulacap, zona oeste da cidade.
Oliveira disse à Agência Brasil que a medida é ótima. “A gente está feliz porque, depois de muitos anos, é uma medida efetiva, que vai possibilitar a transformação do parque [exibidor]. São 30 anos de espera, pelo menos é o tempo que eu estou no meio e grito desde o começo. E agora se concretiza”.
Edição: Fábio Massalli
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