Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse hoje (28) que o alto preço pago atualmente pelo gás natural encarece o custo da energia elétrica e é um impedimento para que as usinas térmicas possam operar por mais tempo na base do Sistema Interligado Nacional.
Apesar dessa realidade, Tolmasquim disse que o Plano Decenal de Energia 2013-2022 (PDE), que será anunciado pela EPE com as revisões do planejamento energético do país no longo prazo, terá mais usinas térmicas. “No nosso planejamento, que contempla o plano para até 2020, está previsto um pouco mais de usinas térmicas operando na base, o que significa que teremos mais térmicas a gás em operação”.
Na avaliação do presidente da EPE, é preciso encontrar uma formula que permita a entrada das térmicas com maior intensidade sem que isto onere ainda mais as tarifas de energia, devido ao alto preço pago pelo gás natural. Para Tolmasquim, o país precisa ampliar e tornar ainda mais flexível os parques de geração de energia, de modo a dar mais segurança ao Sistema Interligado Nacional. e fazer frente ao crescimento da economia e a consequente elevação da demanda por energia elétrica.
“O alto preço do custo da energia impede que as usinas térmicas operem de forma mais direta na base e, por isto, é interessante que tenhamos usinas com custo variável baixo, porque elas vão operar mais. Temos que descobrir o gás não convencional e mais barato, como o xisto, porque a expansão da oferta térmica hoje tem que ser feita com o importado e o GNL [gás natural liquefeito] está muito caro”.
O presidente da EPE entende como necessário e ideal que o país possa ampliar um pouco mais a geração térmica na base ao longo do ano para dar maior confiabilidade ao sistema no período em que os reservatórios estiveram em níveis baixos. “A tendência é a proporção dos reservatórios de geração hidroelétricas, com o crescimento da demanda, ser cada vez menor. Então nós teremos que, cada vez mais, aumentar a proporção de térmicas para compensar a limitação da expansão dos reservatórios”, disse.
Tolmasquim avalia que o país tem que privilegiar dois tipos de térmicas: a biomassa, proveniente do bagaço da cana, que é renovável e ajuda na expansão do próprio etanol e cuja a safra ocorre exatamente período mais seco – entre maio e novembro; e também o gás natural que, das fontes fosseis, é a mais limpa. “Só que ainda não temos gás natural sobrando e o GNL está muito caro”.
Na avaliação do presidente da EPE, o país vive uma situação mais tranquila hoje em razão da melhora na situação da maioria dos reservatórios do país em consequência das últimas chuvas. Ele ressaltou, porém, que o sistema, da forma como foi concebido, permitiu que se superasse, sem riscos, o período mais crítico.
“A nossa capacidade instalada cresceu muito e, este ano, serão acrescentados mais 8,5 mil megawatts [MW] em geração de energia ao Sistema Interligado Nacional. E este crescimento, aliado à flexibilidade na forma como o nosso sistema está concebido - com a alternativa das térmicas e das linhas de transmissão que permitem a transferência de energia de uma região para outra, nos deu tranquilidade para ultrapassarmos a situação hidrológica menos favorável. Tudo funcionou como deveria - preparamos o sistema e ele funcionou bem na adversidade”, disse.
Edição: Fábio Massalli
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