Passageiros reclamam de preços altos dos lanches nos aeroportos

02/12/2012 - 16h19

Mariana Branco, Akemi Nitahara e Flávia Albuquerque
Repórteres da Agência Brasil

Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo -  A decisão de licitar áreas para lanchonetes populares nos aeroportos das cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014, anunciada pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), abre espaço para a discussão sobre os preços dos lanches e refeições cobrados nos aeroportos. Passageiros e até funcionários dos terminais ouvidos pela Agência Brasil em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo disseram considerar altos os preços.

Para a contadora Eliana Prado, que na semana passada transitava pelo Aeroporto Internacional de Brasília - Presidente Juscelino Kubistchek, a solução encontrada foi dar preferência às redes de fast food, que praticam preços iguais em toda a rede de lojas. "Por causa da profissão, viajo muito e preciso me alimentar. Muita gente deixa de lanchar aqui [no aeroporto] para comer em casa", comenta.

No Rio de Janeiro, os passageiros engrossam o coro ao dizer que comer em aeroporto é caro. A bióloga Cláudia Regina Gonçalves, que viaja uma ou duas vezes por ano, diz que acaba comprando algum lanche para “tapear o estômago”, mas reclama do preço salgado. “Eles devem achar que quem viaja de avião tem um poder aquisitivo maior, por isso que cobram mais.”

Para o auditor fiscal da Receita Federal, Sandro de Araújo Gonçalves, os preços praticados nos terminais são abusivos. “O alimento no Brasil servido nos aeroportos é caríssimo. Você vê que um quilo de alimento sem qualidade está saindo a R$ 40. Muitas vezes em um restaurante no litoral, o preço é até 40% mais barato. Uma [garrafa] de água [300 ml] custa R$ 3,10, um refrigerante custa R$ 5,50, não tem explicação.”

Dono de academia, Ronaldo Viegas, concorda que os valores cobrados são acima do praticado fora dos terminais. “Você paga R$ 4, R$ 5 por um cafezinho, que custa R$ 2 fora do aeroporto.” Em uma pesquisa de preços feita pela Agência Brasil no aeroporto do Galeão, uma porção com 12 mini pães de queijo sai por R$ 8,70, misto quente a R$ 5,90, suco de laranja a R$ 6,90 e café expresso a R$ 4.

No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, as opiniões se repetiram. Em busca de uma refeição rápida, os passageiros acabam pagando caro pelos lanches. “Para o padrão brasileiro é muito caro. Se paga mais alto aqui do que nos aeroportos lá fora”, disse o publicitário Paulo Sérgio Carvalho. Para ele, faltam opções mais baratas.

Com uma rotina frequente de viagens aéreas, a advogada Jéssica Sampaio, criticou o custo da alimentação. “Eu viajo muito e o aeroporto acaba sendo minha segunda casa. Para quem viaja muito isso aqui é terrível porque é tudo muito caro. Café em torno de R$ 10, é um absurdo”.
 

“Fica bem puxado. Se fosse comparar com os preços dos restaurantes da avenida fica muito caro. Como sou de fora, fico com receio de sair do aeroporto. Vale mais a pena pagar um pouco mais e ficar em segurança dentro do aeroporto,” contou Everaldo Gasparini, representante comercial de Vitória, no Espírito Santo, que frequentemente viaja a São Paulo.

Os passageiros que quiserem tomar um café expresso e comer um pão de queijo nas lanchonetes em Congonhas não desembolsam menos de R$ 7,65. Se o café for substituído por um achocolatado, o cliente gastará R$ 10,65. Um refrigerante em lata não sai por menos de R$ 5. Fora do aeroporto, os preços caem. Em duas lanchonetes visitadas pela reportagem, o café não passa de R$ 2,50 e o pão de queijo tem o mesmo valor. Um salgado e um refrigerante ficam em torno de R$ 5 e uma garrafa de água custa no máximo R$ 2,50.

A comida de aeroporto é considerada cara até pelos funcionários dos terminais aéreos, que têm direito a desconto nas lojas e restaurantes. "Mesmo para nós, o preço é caríssimo. Eu pago R$ 3,50 numa xícara de chocolate quente. A gente recebe R$ 300 de vale-refeição para o mês, mas vai pagar no mínimo R$ 17 por cada refeição. Eu trago minha 'marmitinha'", comenta João Cláudio da Silva, aeroviário do aeroporto da capital federal.

Edição: Carolina Pimentel