Monica Yanakiew
Correspondente da EBC na Argentina
Lima – O Paraguai criticou energicamente a decisão dos presidentes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) de manter a suspensão do país, em vigor desde a destituição do então presidente Fernando Lugo, em junho passado. Em um comunicado, emitido nesta sexta-feira (30), tão logo terminou a sexta reunião de cúpula da Unasul, o Ministério de Relações Exteriores paraguaio classificou a decisão como uma “perseguição sistemática” do bloco regional e anunciou que iniciará uma campanha para torná-la pública, mobilizando todas as suas embaixadas.
Na véspera, os chanceleres do bloco regional ouviram o relato do coordenador do Grupo de Alto Nivel da Unasul, o peruano Salomon Lerner Ghitis, que esteve no Paraguai na semana passada, para averiguar o andamento do processo eleitoral. Eles decidiram manter a suspensão do Paraguai até as eleições presidenciais (previstas para 21 de abril de 2013), que serão acompanhadas por uma missão da Unasul.
“Os chefes de Estado homologaram hoje [sexta-feira] a decisão dos chanceleres de estabelecer que a Unasul acompanhará este processo, para que haja uma plena reincorporação do Paraguai a partir de uma constatação de que foi reestabelecida a plena vigência da democracia no Paraguai”, disse, em entrevista, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, ao final da reunião de cúpula. Segundo ele, a situação do Paraguai será “reexaminada a partir das eleições”.
O governo paraguaio reagiu à noticia apontando motivações políticas da Unasul para manter a suspensão. Um comunicado oficial do Paraguai criticou a decisão, que, segundo a nota, já tinha sido tomada antes mesmo das reuniões de chanceleres e presidentes em Lima e citou declarações do assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia, feitas na quarta-feira (28), na Argentina.
“A decisão da Unasul não causou surpresa alguma ao governo do Paraguai, ainda mais porque foi anunciada previamente pelo assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil, constituído em porta-voz ad hoc da Unasul, que declarou, antes de escutar o relato do coordenador de seu próprio Grupo de Alto Nível, que a Unasul não vai dar marcha atrás na suspensão”, diz o comunicado paraguaio.
Tanto o Mercosul quanto a Unasul suspenderam o Paraguai depois que o Congresso destituiu o então presidente Fernando Lugo, cujo mandato terminaria em abril do ano que vem. Apesar de o impeachment estar previsto na Constituição paraguaia e de a grande maioria dos parlamentares terem condenado Lugo por mau desempenho de suas funções, a velocidade do processo foi criticada pelos governos da região. Lugo teve apenas duas horas para se defender, antes de ser substituído por seu vice, Federico Franco.
Edição: Fábio Massalli
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