Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse hoje (22), na capital paulista, que o desafio dos trabalhadores da saúde que lidam com pessoas com HIV/aids é atuar em novas situações que aparecem graças à maior sobrevida desses pacientes. Entre os problemas estão os efeitos colaterais causados pelos medicamentos, doenças oportunistas que podem surgir e o envelhecimento precoce.
“Esse é o primeiro desafio para o futuro. É preciso ter novos consensos voltados para hábitos de vida saudável, envelhecimento ativo e esforço para manter a qualidade de vida do paciente com HIV”, defendeu o ministro, em palestra no debate Aids: As Missões para o Futuro, organizado pelo Instituto Emílio Ribas. O evento antecipa a celebração do Dia Mundial de Luta contra a Aids no Brasil, em 1º de dezembro.
Segundo o ministro, é preciso chamar a atenção dos profissionais de saúde, gestores e de outros setores fundamentais para o enfrentamento da doença para o fato de que a taxa de mortalidade por Aids se reduz ano a ano. “Isso significa que teremos que ter um serviço de saúde que cuidará por muito mais tempo das pessoas que vivem com o HIV e recebem o tratamento. Isso significa uma reformulação de vários desses serviços”.
Padilha destacou ainda que o diagnóstico precoce do HIV passou de 32% para 37% em seis anos, o que quer dizer que o tratamento está sendo iniciado mais cedo, garantindo melhor qualidade de vida e reduzindo a transmissão. “Um dado inédito no mundo inteiro foi divulgado essa semana no Brasil: 70% dos pacientes que começam a receber o tratamento para o vírus no Brasil têm a carga viral negativada em seis meses, ou seja, não está detectável no sangue da pessoa”.
Um outro foco destacado pelo ministro é a detecção do vírus em mulheres grávidas, que passou de 64% para 84%. De acordo com ele, é fundamental que o exame seja solicitado durante o pré-natal, para que o objetivo do governo de chegar a 100% seja atingido. “Para isso, queremos chamar a atenção dos profissionais que fazem o pré-natal para que sempre peçam o exame. O Ministério da Saúde está distribuindo o teste rápido por meio da Rede Cegonha, nas unidades de saúde nos bairros, para ficar mais fácil a realização do teste”.
Padilha chamou a atenção ainda para o dado de que metade das pessoas infectadas com o vírus é de jovens de sexo masculino que têm relação sexual com outros homens. Na avaliação do ministério, esse número está alto porque não tiveram as mesmas referências das gerações do período em que a doença foi descoberta.
“Essa nova geração não viveu o enfrentamento inicial da luta contra a aids, não teve ídolos e referências que naquele momento enfrentaram a aids. Hoje eles têm a informação de como se prevenir, mas não tem a atitude da prevenção”.
Ainda em São Paulo, o ministro participou de ação do Fique Sabendo, campanha que será feita entre 22 de novembro e 1º de dezembro em todo o país. O programa incentiva as pessoas que praticaram sexo inseguro ou tiveram algum comportamento de risco a fazerem o teste para descobrir o quanto antes se estão infectadas com doenças sexualmente transmissíveis.
A ação prevê a oferta de testes para sífilis, HIV e hepatites B e C. Em São Paulo, serão oferecidos 150 mil exames, dos quais 30 mil testes rápidos anti-HIV. “Apenas com um furinho, em 20 minutos já se sabe se está infectado ou não por essas doenças. Faremos essa mobilização por todo país em locais de concentração de jovens de circulação de pessoas, além das unidades de saúde, para despertar a atitude da prevenção”, falou Padilha.
Edição: Davi Oliveira