Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Depois de mais um fim de semana violento na Grande São Paulo, a Polícia Militar paulista fez uma operação hoje (29), com cerca de 600 homens, de combate ao crime na Favela Paraisópolis, na zona sul da cidade. Os policiais apreenderam, até as 12 horas, aproximadamente 100 quilos de maconha, cinco quilos de cocaína, frascos de lança-perfume e munições de calibre de uso restrito. Além disso, cinco pessoas foram detidas por porte ilegal de armas ou por objeto roubado.
Entre a noite de sexta-feira (26) e a madrugada de hoje, foram, pelo menos, 22 mortes na região metropolitana - somente na capital foram nove assassinatos, de acordo com a Polícia Civil. Apesar das mortes, o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, negou que a ação na favela seja uma resposta aos assassinatos, mas para combater o tráfico de drogas na região.
“Não é efetivamente uma resposta. É a necessidade de uma ação cada vez maior contra o tráfico. A quantidade de entorpecentes que entram é muito grande e precisa de uma ação mais enérgica”, esclareceu. “Nós vamos fazer operações parecidas em áreas que identificarmos com grande índice de tráfico de entorpecentes e de homicídios”, disse.
O secretário, no entanto, classificou como “excessivo” o número de homicídios recentes na capital. Balanço divulgado na última quinta-feira (25) pela Secretaria de Segurança Pública revelou crescimento de 96% no número de homicídios na cidade de São Paulo no mês de setembro em comparação ao mesmo período do ano passado. Em setembro, a capital registrou 135 casos de homicídios, contra 69 casos no mesmo mês de 2011.
Segundo o secretário, a Polícia Civil está investigando os assassinatos. “O número é realmente excessivo e a polícia está enviando todos os esforços para chegar à autoria e à motivação deles. Vários já foram presos.” Na avaliação do secretário, não se trata de uma guerra entre policiais e organizações criminosas. “Nós combatemos a violência com todo o aparato do estado. É um exagero alçar essa condição de violência a caracteres de guerra”, argumentou.
Para o comandante-geral da Polícia Militar (PM) de São Paulo, Roberval Ferreira França, a onda de violência trata-se de “uma incidência pontual de delitos em algumas regiões da cidade”. Para ele, é preciso identificar os autores para se chegar à motivação dos vários crimes. Entre as possíveis causas, conforme o comandante, estão disputa por pontos de tráfico, disputa entre quadrilhas e tentativa de quadrilhas em se instalar em determinadas regiões.
Roberval França disse ainda que não existe “nenhuma evidência concreta” que vincule os crimes à uma ação de revanche entre policiais e organizações criminosas. “Tudo está sendo levado em consideração. É preciso que as investigações fluam para que possamos determinar ações por todos os lados”, ponderou.
Edição: Carolina Pimentel