Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Um dia depois da morte de sete pessoas em menos cinco horas na Grande São Paulo, que ocorreram após morte de um policial, o governo do estado de São Paulo anunciou que o efetivo da Polícia Militar será aumentado em 5 mil homens a partir de hoje (10). “A prioridade é a região metropolitana de São Paulo e a Baixada Santista”, disse o governador Geraldo Alckmin, após participar de evento na capital paulista. Nessas regiões foi registrada uma série de ataques a civis após o assassinato de policiais militares (PMs).
Na madrugada de domingo (7), após o assassinato do policial militar Marcelo Fukuhara, de 45 anos, que foi executado à 0h30, foram registradas mais cinco mortes e três tentativas de homicídio na cidade de Santos, na Baixada Santista. Os crimes aconteceram em menos de cinco horas.
Dois homens e uma mulher foram mortos no bairro Vila Matias, às 2h45. O caso foi levado ao 2º Distrito Policial (DP). No 5º DP, outro ataque foi registrado: a morte de um homem, de 53 anos, e o ferimento à bala de um jovem de 27 anos. O último caso ocorreu por volta das 4h55. No mesmo distrito, também foram registradas mais duas tentativas de homicídio.
Alckmin não associou diretamente o aumento do efetivo aos supostos casos de revanchismo entre policiais militares e organizações criminosas nessas regiões. “São cidades maiores e têm mais problema de segurança”, disse.
Segundo o governador, o reforço no policiamento será feito por tempo indeterminado. Ele explicou que foram convocados para a operação policiais que desempenhavam atividades burocráticas. “Além disso, suspendemos temporariamente cursos de capacitação”, disse.
Sobre as investigações feitas pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar, que apuram se há relação entre as mortes e o assassinato de PMs, o governador disse que, desde abril do ano passado, o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) está sendo incluído na apuração dos casos em que houve perseguição policial seguida de morte (conhecido como "auto de resistência").
“Nós não descartamos nenhuma possibilidade. Isso está sendo investigado. Se houver algum caso que seja comprovado, é demissão sumária”, disse.
O governador reconheceu que há dúvidas se os casos são uma guerra declarada entre criminosos e policiais. “É uma dúvida diuturna, mas São Paulo não se intimida com o crime”, disse. Alckmin acredita que uma presença mais forte da polícia trará mais segurança à população. “Polícia na rua cumprindo seu dever. A população vai sentir a presença policial para dar mais segurança”.
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública, os trabalhos da PM serão mais intensos justamente nos municípios em que foram registrados os homicídios na última semana. Na Baixada Santista, além do efetivo, serão encaminhados dois helicópteros.
Este é o segundo reforço de policiamento na área. Ontem (9), tropas das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) - batalhão de elite da polícia paulista - foram encaminhadas aos municípios da região.
Outro município com reforço do efetivo será Taboão da Serra, onde foram registradas pelo menos sete mortes entre a noite de segunda-feira e a madrugada de ontem (9). As mortes ocorreram após a morte do soldado da Polícia Militar Hélio Miguel Gomes de Barros, de 36 anos, cuja morte é investigada como crime de execução.
De acordo com a Polícia Civil, o policial estava em dia de folga e foi baleado em um posto de combustível por volta das 21h50 de segunda-feira. Parentes de algumas das pessoas mortas posteriormente ao assassinato de Barros relataram à Agência Brasil que os crimes foram cometidos por homens encapuzados em carros pretos que atiraram várias vezes contra as vítimas.
Edição: Fábio Massalli