Guilherme Jeronymo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O investimento na cadeia produtiva nos países em desenvolvimento e as políticas de distribuição de renda e fomento à igualdade são o caminho mais certo para a superação da crise financeira mundial, aponta o economista da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (cuja sigla em inglês é Unctad) Alfredo Saad Filho.
O tema é discutido no Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2012 - Políticas para o Crescimento Inclusivo e Equilibrado, divulgado hoje (12) pela Unctad. O documento também traz conclusão de que medidas de austeridade e o achatamento dos salários enfraquecem o crescimento dos países desenvolvidos e não estimulam a economia.
O analista apontou que a solução tomada pela Alemanha e países da zona do euro, baseada em políticas de austeridade sobre o setor público e redução na capacidade de investimento, prejudica o crescimento no mundo. “Os países em desenvolvimento não descolaram dos demais, eles precisam dos países desenvolvidos, e a falta de dinamismo nestes países preocupa a todo o mundo”, avaliou.
Saad classificou a crise atual como “uma crise causada por um problema grave, acumulativo, no sistema financeiro internacional, que se contrai e não fornece crédito para a produção e o consumo, e uma crise de falta de demanda, causada pelo aumento da desigualdade e pela perda cumulativa de salários reais nos últimos 30 anos”.
Segundo o economista, a crise fiscal é consequência e não causa da crise financeira, e nesse contexto o setor financeiro age como um “peso morto”, em um modelo econômico que contribuiu apenas para a concentração de renda, inclusive nos países desenvolvidos.
Para Saad, nos moldes atuais, a economia global tende a piorar em determinados locais, pois a dependência de commodities (produtos primários com cotação internacional) pode levar a um aprofundamento da crise, em especial na África. “O superciclo de commodities pode estar terminando e um grupo de países subdesenvolvidos na África Subsaariana é precisamente o grupo que mais depende de commodities”, explicou.
Edição: Davi Oliveira