Daniella Jinkings e Ivanir José Bortot
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A ministra do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Tereza Campello, afirmou hoje (12) que o Brasil não está imune aos impactos de uma redução do crescimento econômico mundial. No entanto, diz a ministra, os efeitos da crise no país estão sendo resolvidos com medidas econômicas, graças ao mercado de consumo de massa apoiado, em parte, pelos programas sociais do governo, que devem injetar este ano R$ 20 bilhões na economia.
Em entrevista à Agência Brasil, Tereza Campello disse que os empresários do comércio, os industriais e os governantes de todos os partidos conseguem compreender a dimensão extra do Bolsa Família. ”Não é só a dimensão de justiça e equidade, mas a dimensão econômica, que é ter criado um colchão de renda, que não só garante que haja sempre um patamar da economia funcionando, como impede que, nos momentos de crise, você bata no fundo do poço. Você sempre tem uma renda que garante um patamar mínimo de funcionamento da economia”, explicou.
A economia em crescimento é uma condição importante para que parcela daqueles que vivem na extrema pobreza sejam inseridos no mercado de trabalho, mas a ministra ressalta que isso depende da qualificação profissional deste segmento da população. “A taxa de crescimento pode ser maior ou pode estar no patamar de hoje. Tudo indica que teremos oportunidade para os brasileiros. Por isso, estamos investindo pesadamente para que tais oportunidade sejam aproveitadas.”
A íntegra da entrevista é a seguinte:
ABr: O Brasil está com um dos mais baixos índices de desemprego e, além disso, a economia crescendo nos atuais patamares pode contribuir para a redução do número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família?
Tereza Campello: Isso depende de quanto a economia vai crescer. Não podemos discutir se as pessoas vão conseguir emprego. Na década de 1990, os governos faziam cursos de qualificação para pessoas desempregadas. A economia estava estagnada e jogava-se para o trabalhador o ônus de estar desempregado. O fato de você qualificar a pessoa não quer dizer que ela vai melhorar de vida. O fato de o Brasil estar crescendo também não significa que ela vai conseguir se empregar. Hoje, esta população não está conseguindo tais oportunidades por falta de qualificação. Em várias cidades brasileiras, faltam oportunidades de qualificação. O Brasil crescendo, o governo entra com a capacitação das pessoas.
ABr: O Brasil crescendo tem algum efeito sobre o programa?
Tereza Campello: Muito grande da parte dessas pessoas, que não precisarão mais do Bolsa Família. Agora tem gente que ainda não entrou no programa. Estamos indo atrás dessas pessoas. Há muita gente saindo do Bolsa Família porque melhorou de vida. Outros, a gente ainda está incluindo.
ABr: Seu ministério (MDS) tem ações que envolvem forte atuação na área social, com reflexos importante na economia.
Tereza Campello: O Brasil Sem Miséria não é um programa do ministério. É da presidenta Dilma. Por isso, ele vem sendo priorizado por todos os ministérios, inclusive pelo da Fazenda. Incluir milhões de brasileiros como consumidores tem ajudado o Brasil a crescer. Tem uma demanda de bens de consumo em diversas localidades do país. Hoje acabou o tabu de que quem defende a agenda social é quem trabalha com política social. Hoje os empresários do comércio, os industriais, os diferentes governantes e partidos conseguem compreender a dimensão extra de que não é só a dimensão de justiça e equidade, mas a dimensão econômica, que é ter criado um colchão de renda, que não só garante que haja sempre um patamar da economia funcionando, como impede que, nos momentos de crise, você bata no fundo do poço. Você sempre tem uma renda que garante um patamar mínimo de funcionamento da economia.
ABr: Se ocorrer um processo de desaquecimento da economia, quais as conseqüências sobre o programa?
Tereza Campello: O Brasil não é uma ilha e não está imune aos efeitos de uma redução do crescimento econômico mundial. Estamos sentindo os efeitos, mas temos conseguido resolver, não só com medidas econômicas para manter a economia brasileira e nosso mercado interno de massa funcionando, mas apoiados inclusive em parte em nossos programas sociais para atravessar este momento de crise. E, com isso, são menores os impactos sociais.
Edição: Nádia Franco