Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – São Paulo está com menos vagas para os jovens que buscam o primeiro emprego. Segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) a cidade criou 123 mil oportunidades para os jovens nos cinco primeiros meses do ano, ante 143 mil no mesmo período em 2011, uma queda de 14%.
“A indústria é uma grande porta de entrada para o primeiro emprego, e ela tem gerado bem menos postos de trabalho agora”, diz o economista chefe do Sindicato das Indústrias do Vestuário de São Paulo, Haroldo Silva.
De acordo com ele, embora a economia do país esteja em um patamar elevado de emprego, o desemprego atinge apenas 6% da população, setores da indústria que geram empregos para os jovens mostram sinais de dificuldade.
Na semana passada, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), estimou que a indústria paulista deve fechar o ano com 100 mil postos de trabalho a menos. A expectativa é fechar o ano com o nível de emprego negativo em 2,3%. “Fechar o ano em -2,3% representa alguma coisa como mais de 100 mil empregos a menos do que se tinha no final do ano passado”, disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
Para Haroldo Silva, no entanto, essa conjuntura, que acaba prejudicando a entrada dos jovens no mercado de trabalho, pode ser considerada um fenômeno mundial, não só brasileiro. “A Espanha é um dos epicentros da crise internacional, e ela tem 50% dos seus jovens, que estão buscando oportunidade, desempregados. Não é um caso como o brasileiro, nós estamos em uma situação bem melhor, mas realmente o primeiro emprego tem sido prejudicado”.
O economista lembra que o governo tem atuado para aquecer a economia, mas avalia que as ações devem ser mais “contundentes” para que os empresários voltem a contratar. “O governo brasileiro não utilizou ainda todo o arsenal que poderia ter utilizado para a reação da indústria, tem tomado medidas paulatina e pontuais”.
Edição: Rivadavia Severo