Gestores da área de assistência social participam de encontro em Brasília para balanço das políticas para o setor

04/07/2012 - 21h08

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Gestores de várias cidades brasileiras, responsáveis pelas políticas municipais de proteção socioassistencial, vão conhecer amanhã (5) o balanço dos serviços prestados nesta área, em todo o país, no ano passado. A expectativa é que os resultados do Censo do Sistema Único de Assistência Social (Suas) de 2011 mostrem os avanços e as dificuldades na implantação das medidas voltadas para a proteção integral à família, à maternidade, à infância, à adolescência e aos idosos.

As informações do levantamento de 2011 foram fornecidas pelas prefeituras de mais de 5,4 mil municípios (70% das cidades brasileiras), entre setembro do ano passado e janeiro deste ano. Os dados serão apresentados e discutidos durante o Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassistencial do Suas, aberto hoje (4) pela ministra Tereza Campello, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), em Brasília.

“O censo Suas vai nos ajudar a avançar nas políticas de assistência social para atender cada vez melhor a população que precisa e espera que a gente avance”, disse. Tereza Campello destacou que a rede socioassistencial do país foi construída, principalmente, pelo esforço e inconformismo dos gestores e dos profissionais da área e pelo reconhecimento “da real necessidade que se tem na oferta de serviços de assistência social pelo usuário ou, no âmbito governamental, como política pública”.

Apesar de reconhecer os resultados, a ministra alertou que para que os serviços continuem evoluindo, “no atual patamar, não é mais suficiente crescer pelo esforço e inconformismo, mas é importante refinar o trabalho e nos profissionalizar”. Na avaliação de Tereza Campello, os profissionais precisam integrar, cada vez mais, os serviços socioassistenciais a outras áreas como educação e saúde.

Representantes de alguns municípios, ainda na expectativa sobre a divulgação dos dados do censo, já manifestaram algumas dificuldades em comum na aplicação das políticas socioassistenciais, como a baixa disponibilidade de profissionais capacitados no mercado de trabalho.

João Pedro Rodrigues, secretário adjunto de Assistência Social de Porto Velho, capital de Rondônia, explicou que as equipes foram ampliadas na cidade, principalmente porque as vagas nos cursos de assistência social e psicologia, no município, aumentaram. “Conseguimos aumentar o número de funcionários, entre técnicos, assistentes sociais e psicólogos, de 200 para 750 nos últimos oito anos. Ainda assim, a dificuldade em encontrar essas pessoas ainda é significativa”, disse.

De acordo com dados da prefeitura de Porto Velho, pelo menos 35 mil famílias já estão cadastradas no sistema socioassistencial de Porto Velho. Segundo Rodrigues, a maior parte das famílias recebe, em média, R$ 521 por mês. “Ainda precisamos buscar mais 9 mil famílias que vivem em locais distantes e não sabem que têm direito aos benefícios. Para isso, precisamos usar equipes volantes”, explicou.

Em Boa Vista, capital do estado de Roraima, a dificuldade não se restringe ao número de funcionários, mas esbarra na capacitação das equipes, segundo a secretária da diocese do município, Maria da Conceição do Nascimento. “As pessoas fazem concurso público, são aprovadas e não sabem o que vão precisar saber. Nem sempre é culpa desses servidores, mas é falta de informação e preparação”, declarou.

De acordo com ela, nas vistorias em casas de assistência infantil ou ao idoso, as equipes do Conselho de Assistência Social do município, do qual a diocese faz parte, reúnem diversos relatos, como denúncias de maus-tratos. Maria da Conceição explica que nenhum caso foi confirmado oficialmente, mas que “o grande erro é que quando um funcionário provoca problemas em uma casa de assistência social, ele é remanejado para outra, e continua sem treinamento e orientação”, completou.

De acordo com o MDS, no encontro deste ano, os representantes da área de assistência social de todo o país vão discutir como usar a informação para aprimorar o sistema Suas. Os representantes municipais de assistência social vão receber ainda o resultado consolidado do sistema de Registro Mensal de Atendimento (RMA) do primeiro trimestre deste ano, que reúne informações como o número de famílias acompanhadas nas unidades, o perfil de extrema pobreza e quantas recebem o Bolsa Família ou o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

 

Edição: Aécio Amado