Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em reunião de emergência, ontem (27) em Nova York (Estados Unidos), o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou o ataque à cidade de Houla, na Síria, que matou 108 pessoas, entre elas 34 crianças, e deixou 300 feridos. O ataque é atribuído ao governo sírio.
Em declaração adotada por unanimidade, o Conselho de Segurança disse que os ataques contra a cidade representam "um revoltante uso da força contra civis" e uma violação da lei internacional. O Conselho de Segurança exigiu que o governo sírio retire imediatamente as tropas de áreas residenciais.
"Os membros do Conselho de Segurança condenaram, nos termos mais fortes possíveis, as mortes [em Houla], em ataques que envolveram uma série de bombardeios com artilharia e tanques do governo em uma zona residencial", diz a declaração, lida pelo vice-embaixador do Azerbaijão na ONU, Tofig Musayev.
"Os membros do Conselho de Segurança também condenaram a morte de civis com tiros a curta distância e graves abusos físicos", acrescenta o texto. Porém, o governo sírio nega envolvimento e diz que os ataques foram obra de “gangues de terroristas armados”. As autoridades negam ainda que seus tanques estivessem na área no momento do ataque.
A reunião de emergência, a portas fechadas, foi convocada depois que a Rússia – maior aliado internacional da Síria – rejeitou uma declaração conjunta da Grã-Bretanha e França condenando as mortes. O governo da Rússia exigia, antes, receber informações diretamente do líder da missão de observadores da ONU na Síria, general Robert Mood.
Diretamente de Damasco, Mood relatou aos membros do Conselho de Segurança que 108 pessoas foram mortas – o número inicial era 90 – e 300 ficaram feridas. Para ativistas de oposição, as forças militares do governo sírio bombardearam Houla após protestos na sexta-feira (25). Segundo os ativistas, algumas das vítimas morreram durante os bombardeios e outras foram executadas pela milícia shabiha, ligada ao governo.
Ontem (27), ativistas de oposição informaram que pelo menos nove pessoas foram mortas em um bombardeio das forças militares contra a cidade de Hama. No entanto, essa informação ainda não pode ser verificada de forma independente, pois há limitações, na Síria, para o trabalho da imprensa internacional.
Há 14 meses, ocorrem confrontos na Síria em decorrência de embates entre forças do governo e manifestantes, que exigem a saída do presidente sírio, Bashar Al Assad. Um grupo de 250 observadores da ONU tenta monitorar uma operação de cessar-fogo negociado pelo enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe ao país, Kofi Annan.
A ONU calcula que mais de 10 mil pessoas já morreram na Síria desde o início da revolta contra o governo Assad. Há denúncias de violações de direitos humanos, como torturas, prisões indevidas e agressões contra crianças e mulheres.
*Com informações da BBC Brasil//Edição: Graça Adjuto