Reforma psiquiátrica: Brasil pode comemorar avanços, mas ainda está no "meio do caminho", avalia secretário

18/05/2012 - 14h56

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil


Brasília – O Brasil pode comemorar os avanços da reforma psiquiátrica, como a criação de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), de comunidades terapêuticas e de leitos exclusivos em hospitais gerais. Entretanto, a existência de cerca de 200 manicômios no país demonstra que ainda há muito o que ser feito, avaliou hoje (18), Dia da Luta Antimanicomial, o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães.

Em entrevista à Agência Brasil, ele avaliou que a implantação de uma política que desconstrua o conceito de internação de usuários de álcool e outras drogas encontra-se “no meio do caminho”. Segundo Magalhães, não é fácil substituir, ainda que progressivamente, o tradicional modelo do aprisionamento dessas pessoas por uma política mais humanizada.

“Temos que comemorar a possibilidade do direito à vida e à saúde desses pacientes”, disse, ao lembrar que o país conta com mais de 3 mil leitos específicos para dependentes de álcool e outras drogas e 1.771 Caps de diferentes modalidades. “Esse é o caminho: um tratamento humanizado, de qualidade e que precisa ser estendido”, completou.

Para o secretário, os manicômios representam segregação e não são capazes de resolver o problema de forma efetiva. A saída, segundo ele, deve ser o fortalecimento de uma rede articulada e que ofereça serviço médico de qualidade. A ideia do governo é priorizar investimentos, inicialmente, nas capitais e grandes regiões metropolitanas e, posteriormente, expandir as ações para cidades de menor porte.

“Temos que ter a tranquilidade de assumir que ainda temos um longo caminho a percorrer porque precisamos de novos serviços, precisamos formar profissionais, especialmente médicos, o que demora muito. É um movimento progressivo. O país não vai mais parar de fazer isso. Esse modelo é viável, funciona bem e precisa de expansão, porque a demanda está aumentando”, destacou.

Em 2010, quase dez anos depois da implantação da reforma psiquiátrica no país, a Agência Brasil visitou sete cidades para fazer um especial sobre o tema. A reportagem Retratos da Loucura procurou descobrir os diferentes estágios em que as mudanças propostas pelo governo se encontravam.

 

 

Edição: Lílian Beraldo