Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em meio às investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, no Congresso, e da Comissão da Verdade, envolvendo a conduta e a ética da imprensa, os jornalistas e professores Sinval e Cremilda Medina ressaltaram que o momento é de desafio para todos que estão envolvidos nesses temas. Para eles, o ideal é aproximar os relatos jornalísticos da realidade, evitando o que chamam de verdades absolutas e atrofia de pensamentos.
“É preciso evitar racionar e enxergar por esquemas mentais que levam a enquadramentos [esquemas prontos e fixos]”, disse Cremilda. “Um jornalista tem o grande prazer de fruir a arte, não é um mero executor de fórmulas”, ensinou a professora, lembrando que temas, como uma CPMI e a Comissão da Verdade, incitam o jornalista a buscar mais fontes e os chamados “protagonistas anônimos”, personagens que pertencem à sociedade civil.
Autor de livros que mesclam jornalismo, literatura e história, Sinval Medina ressaltou que o trabalho da imprensa se baseia em duas vertentes – a apuração dos fatos e o relato ou narrativa referente a esse material. “Sei que existem profissionais de imprensa com um comportamento antiético, mas me guio por aqueles chefes que tive que tentavam chegar o mais próximo possível da verdade e da realidade. Se havia erro, não era intencional”, disse ele.
Sinval e Cremilda Medina participaram nessa quinta-feira (16) do seminário O Jornalismo na Construção da História, promovido pela Universidade de Brasília (UnB). Casados há 50 anos e militando também como parceiros no que chamam os campos do jornalismo, da história e da literatura, eles contam que o desafio atual, envolvendo tantas investigações, faz lembrar o que enfrentaram nos anos de 1960, quando a ditadura impunha rigorosos limites à imprensa.
“Nós vivemos a emergência e o risco ao ser fiel aos fatos. Tínhamos, às vezes, uma tentação de camuflar os fatos, mas não cedíamos”, disse Cremilda. “O profissional de imprensa enfrenta desafios quase todo o tempo, há ainda a pressão e a urgência [do horário]. Mas não se pode imaginar uma imprensa na qual o profissional é camuflado e trabalha com a receita pronta”, acrescentou Sinval.
Edição: Graça Adjuto