Juliana Maya
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre, contrário à construção da Usina de Belo Monte (PA), afirmaram hoje (3) que grande parte dos trabalhadores do canteiro de obras continua de braços cruzados. “Não saíram 2 mil trabalhadores para a obra”, disse a representante da entidade Ana Laíde, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, referindo-se às pessoas que compareceram ao trabalho. O canteiro de obras de Belo Monte conta com cerca de 7 mil trabalhadores.
Para Atnágoras Lopes, integrante da Central Sindical Popular – Coordenação Nacional de Lutas (CSP-Conlutas), a estimativa de adesão à greve é menor. Segundo ele, que é ligado ao comando de greve, de 20% a 30% dos trabalhadores permanecem parados.
O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), entretanto, nega que a paralisação continue e afirma que as cinco frentes de trabalho para a construção da usina hidrelétrica no Rio Xingu (sítios Belo Monte; Pimental; canais e diques; as unidades de infraestrutura e de porto e acesso) estão funcionando normalmente.
Ontem (2) em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada (Fenatracop), Wilmar Gomes dos Santos, disse que os protestos ocorridos no sábado (barricadas para impedir a ida de trabalhadores aos canteiros de obras) foram promovidos por razões políticas e não por questões trabalhistas.
O representante da Central Sindical Popular nega a motivação política e afirma que entre as reivindicações dos trabalhadores estão o aumento das remunerações; a redução do intervalo de visita à família (a cada 90 dias e não 180); melhoria na qualidade da comida e da água fornecida pelo consórcio aos empregados; o pagamento de horas extras aos sábados, e melhoria no transporte.
Para a próxima semana (dia 10), está prevista uma reunião entre o consórcio e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado do Pará (Sintrapav), ligado à Fenatracop.
A CSP-Conlutas e o Movimento Xingu Vivo para Sempre reclamam da representatividade do sindicato, contrário às reivindicações do comando de greve.
"O Xingu é solidário a esse grupo [comando de greve]. E quem está fazendo a greve são os trabalhadores. Eles [trabalhadores] estão fazendo abaixo-assinado contra esse sindicato que não está representando a categoria. Cada um dos 7 mil trabalhadores tem descontados, em folha, R$ 34. Por mês, são mais de R$ 200 mil. Eles [Sintrapav] estão pegando recursos dos trabalhadores para serem contra os próprios trabalhadores.”
A expectativa é que a arrecadação do Sintrapav cresça significativamente no próximo ano, quando 21 mil trabalhadores estarão formalmente empregados pelo consórcio.
Hoje à tarde, no Palácio do Planalto, será instalada a Mesa Nacional Permanente para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção. Os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República; e Paulo Roberto dos Santos Pinto, do Trabalho e Emprego, responsáveis pela coordenação da Mesa, participam do evento.
A expectativa de Atnágoras Lopes, que participa do grupo, é que a situação de Belo Monte venha a ser discutida. Além dos trabalhadores, participam da negociação representantes do governo e patronais (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada e Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
Edição: Lílian Beraldo