Emerson Penha
Correspondente da EBC na África
Maputo (Moçambique) – Augusto de Sousa Fernando, novo presidente da Eletricidade de Moçambique (EDM), companhia estatal de energia elétrica, disse que o país precisa de US$ 1,5 bilhão - US$ 300 milhões só em Maputo - para ampliar e modernizar as redes de energia elétrica. Ele assumiu a empresa após a saída do Manuel Cuambe, em meio à crise de apagões vivida pela capital do país por causa da rede elétrica antiquada e insuficiente para atender à demanda.
No mês passado, uma subestação que operava muito acima da capacidade pegou fogo, deixando regiões da cidade sem luz por até três dias. Rosana Ibrahim, moradora do Bairro dos Pescadores, comunidade pobre de Maputo, conta que tinha feito compras no dia em que a luz acabou. “Perdi peixe, carne, tudo”, diz. De lá para cá, desligamentos de três ou quatro horas têm acontecido quase todos os dias em várias partes da cidade, até mesmo nos bairros mais nobres.
Moçambique produz trinta vezes mais energia do que precisa. São 14 mil megawatts-hora, produção equivalente à da Usina de Itaipu. Uma das maiores fontes de renda do país é a exportação do excedente para Zâmbia, Zimbábue, Botsuana e África do Sul. No entanto, as redes de transmissão e distribuição dentro das cidades têm sido remendadas há anos e já não aguentam o crescimento constante do consumo.
Segundo a companhia estatal de energia, hoje são cerca de 850 mil consumidores, entre residências, comércio e indústrias. O número de consumidores cresceu oito vezes em dez anos. Ainda assim, em todo o país, até mesmo em Maputo, há comunidades inteiras sem ligações de energia elétrica.
Edição: Vinicius Doria