Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A cada três dias, uma pessoa morre no estado de São Paulo vítima de exposição ao fogo, às chamas e à fumaça. Só no ano passado, 2,2 mil pessoas foram internadas em hospitais públicos de São Paulo por causa de queimaduras provocadas por acidentes domésticos ou no trabalho. Desse total, 120 pessoas morreram. Segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, os gastos com internações por queimaduras custaram R$ 6 milhões à rede pública de saúde do estado.
“Esse número pega somente a rede pública e estadual, por isso, ele é subestimado. Há também uma grande demanda em hospitais particulares e municipais e casos que nem demandam internações”, disse Gustavo Feriani, supervisor médico do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgências (Grau) da secretaria, em entrevista à Agência Brasil.
Para Feriani, o grande número de internações por queimaduras poderia ser evitado, principalmente porque os casos mais comuns de internações na rede pública ocorrem por acidentes domésticos, relacionados ao uso inadequado do fogão e da churrasqueira, a banhos em crianças com água superaquecida e velas.
“É fundamental não atear fogo a produtos ou restos de lixo ou fazer qualquer incineração dentro da casa. Isso pode provocar um fogo descontrolado, gerando incêndio de grandes proporções. Também é importante que as pessoas que fumam dentro de casa tomem cuidado com sofás e que não acendam o cigarro perto de produtos inflamáveis. E tomar muito cuidado com velas, principalmente ao dormir, já que elas podem cair ou tombar e gerar um incêndio quando todos estão dormindo”, alertou.
As internações hospitalares são necessárias em casos de queimadura de segundo grau que chegam a atingir 20% da superfície corpórea ou em casos de queimaduras de terceiro grau. “A queimadura é classificada em três graus. Na de primeiro grau, o exemplo mais característico é a queimadura solar, quando a pele fica avermelhada, dolorida, mas cuja pele continua íntegra. A de segundo grau tem a presença de bolhas, com perda de líquido, o que provoca descolamento da pele. Nesse caso, a pele está parcialmente preservada, com aspecto vermelho vivo. A de terceiro grau é a queimadura mais profunda. Tem aspecto opaco. A pele está toda danificada na sua totalidade, endurecida, como se fosse um couro”, explicou Feriani.
“Quanto mais profunda a queimadura, maior a gravidade e maior a mortalidade”, disse o médico. Segundo ele, as mais graves ocorrem quando se inala a fumaça, provocando queimadura das vias respiratórias. “São as mais graves porque demandam atendimento urgente. Se a pessoa não for atendida em pouco tempo, ela não vai conseguir respirar. E assim, acaba tendo parada cardiorrespiratória”, disse.
De acordo com o levantamento, os homens são a maior parte das vítimas por queimaduras. Das internações registradas no ano passado, 64% foram de pacientes do sexo masculino, e dos 120 óbitos, o índice entre os homens atingiu 59%.
Em caso de incêndios de grandes proporções, deve-se deixar o local e ligar imediatamente para o Corpo de Bombeiros, no telefone 193. Em caso de queimaduras, Feriani alerta: é preciso procurar ajuda médica. “A primeira coisa é chamar a ajuda do Corpo de Bombeiros e, enquanto aguarda, resfriar a área queimada com água corrente limpa e depois cobri-la com um pano limpo e seco. Não se deve aplicar pasta de dente, pó de café ou pomadas, pois isso pode provocar agravamento da queimadura e piorá-la”, orientou.
Edição: Lílian Beraldo