Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) firmou um convênio de cooperação científica com a Universidade Federal Fluminense (UFF) para capacitar servidores do órgão em educação ambiental. Ao todo, 400 profissionais vão participar, ao longo deste ano, de cursos para implementar mudanças nas práticas diárias relativas ao funcionamento do TJRJ, pautadas nos conceitos de gestão e consumo sustentável.
O acordo faz parte da Agenda da Sustentabilidade, lançada hoje (19) pelo tribunal, como parte das mobilizações em função da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, marcada para junho, na capital fluminense.
De acordo com a bióloga Dilma Pimentel, do Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente (Latec) da UFF, o objetivo do programa é sensibilizar os profissionais e torná-los multiplicadores das mudanças propostas.
“O objetivo é fazê-los ter não apenas a sensibilização, mas a operacionalização dessa mudança. É como fazer para que os prédios sejam mais sustentáveis e ecoeficientes, como implementar a gestão da Política Nacional de Resíduos Sólidos, além de incluir a questão das licitações sustentáveis, que é entender que em um processo de licitação deve ser considerado não apenas o menor preço, mas se as concorrentes atendem a itens específicos de responsabilidade ambiental”, exemplificou.
A bióloga da UFF acrescentou que as mudanças implementadas pelo tribunal podem estimular a adoção de práticas sustentáveis em outras esferas do Poder Público. Dilma Pimentel destacou que muitos dos 92 municípios fluminenses onde o Tribunal de Justiça atua não têm conhecimento técnico sobre questões como coleta seletiva, destinação adequada de resíduos, reciclagem, reutilização, entre outros.
“Os servidores capacitados poderão atuar como indutores nesse processo de mudança, oferecendo até subsídio técnico para auxiliar os prefeitos nesses municípios”, ressaltou.
O presidente da Comissão Ambiental do TJRJ, desembargador Jessé Torres, informou que entre as ações que compõem a Agenda de Sustentabilidade da instituição também está a veiculação de alertas sonoros no prédio do tribunal, na capital fluminense, por onde circulam diariamente cerca de 60 mil pessoas, com dicas de uso consciente da água, do solo, assim como a importância do descarte correto do lixo domiciliar, entre outros. As dicas podem ser ouvidas a cada hora durante todo o expediente forense.
Além disso, segundo o presidente do tribunal, desembargador Manoel Alberto Rebelo dos Santos, estão programadas modificações nos prédios de todos os fóruns do estado com a instalação de teto verde e vidros claros para reduzir a necessidade de uso de aparelhos de ar condicionado, a implantação de sistemas de captação de água da chuva e de bicicletários. O desembargador acrescentou que a partir deste mês os contracheques dos servidores estarão disponíveis apenas virtualmente para reduzir o consumo de papel.
Para o economista Sergio Besserman, presidente do grupo de trabalho da prefeitura para a Rio+20, todas essas iniciativas que antecedem a conferência da ONU são importantes porque ajudam a pressionar os governos no sentido de promoverem mudanças mais enfáticas.
“Todos esses debates são fundamentais para exercer pressão sobre os chefes de Estado para que tenham a coragem de reconhecer que a humanidade tem uma janela de 20 anos para decidir o que ocorrerá e se ela tem capacidade de resolver os problemas em nome das futuras gerações”, disse ele, ao participar do lançamento da Agenda de Sustentabilidade.
Edição: Juliana Andrade