Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O vice-ministro de Relações Exteriores dos Estados Unidos, William Burns, disse hoje (1) que considera o Brasil um parceiro natural dos Estados Unidos, com valores comuns e objetivos cada vez mais convergentes. Burns falou sobre as relações bilaterais a um grupo formado por empresários da Câmara de Comércio Americana (Amcham), diplomatas, estudiosos e alunos de relações internacionais.
Considerado um dos principais articuladores da política externa dos Estados Unidos, ele enfatizou que o relacionamento entre os dois países não se dá mais em bases de dominação ou competição, mas dentro do espírito de interesse e respeito mútuos. “Atualmente, sabemos que países como os Estados Unidos e o Brasil não competem simplesmente. Nós fazemos coisas juntos, inovamos juntos, avançamos juntos”, disse em sua palestra.
Entre os objetivos de Burns na visita ao Brasil, estão os preparativos para a visita que a presidenta Dilma Rousseff fará aos Estados Unidos em abril, quando se encontrará com o presidente americano Barack Obama. O vice-ministro enfatizou que o Brasil não é visto apenas como uma força emergente, mas sim como uma democracia ascendente, diversa e vibrante. Ele lembrou as recentes conquistas do país com as descobertas do pré-sal e considerou que o Brasil poderá se transformar na "casa de força" do petróleo na América Latina.
Ainda no campo econômico, Burns ressaltou que a corrente de comércio bilateral atingiu um patamar recorde no ano passado de US$ 74 bilhões. “As empresas americanas não querem simplesmente vender para o Brasil. Elas estão buscando novas parcerias e novos investimentos. Temos orgulho de sermos os maiores investidores estrangeiros no Brasil.”
Ele citou ainda o fato de que os brasileiros investiram US$ 2,7 bilhões nos Estados Unidos em 2010 e lembrou que uma das maiores redes de fast food americana, a Burger King, pertence a uma empresa brasileira.
Após a palestra, em entrevista coletiva, Burns negou aos jornalistas que o cancelamento da compra de 20 aviões Super Tucanos da Embraer, pela Força Aérea americana, em um negócio de US$ 355 milhões, tenha ligação com o processo de compra de aviões de caça do governo brasileiro, no qual os franceses Rafale aparecem em vantagem sobre os americanos F-18 Super Hornet.
O vice-ministro lembrou a iniciativa do governo americano de acelerar o processo de concessão de vistos a brasileiros, no sentido de estreitar as relações com o Brasil, e destacou que o tempo de espera por uma entrevista diminuiu de 146 dias, em média, para 15 dias. “Em apenas quatro meses, nós processamos mais de 365 mil vistos”.
Burns ressaltou ainda que o Brasil pode ajudar no processo de estabilização de países do Oriente Médio como o Egito, a Síria, Tunísia e Líbia. Sobre o desejo brasileiro de integrar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), ele lembrou que Obama já demonstrou, várias vezes, apoio à pretensão. “O presidente Obama tem dito, em várias ocasiões, que os Estados Unidos reconhecem a importância de se adaptar instituições internacionais, incluindo o Conselho de Segurança, à realidade do século 21”, observou.
“O presidente Obama tem dito que nós temos uma forte simpatia à aspiração brasileira de se tornar um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Estaremos em consulta, em estreita ligação com o Brasil, na medida em que este processo de desenvolva”, concluiu.
Edição: Lana Cristina