Roberta Lopes *
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Partidos de oposição na Venezuela se enfrentarão neste domingo (12) em primárias para decidir o candidato que enfrentará o presidente Hugo Chávez nas eleições de outubro. O favorito nas pesquisas é o atual governador do estado de Miranda, Henrique Capriles Radonski.
Durante a campanha, em uma tentativa de se desligar do passado que o vincula à direita conservadora, Capriles Radonski, de 39 anos, se esforçou em adotar uma linguagem popular, prometeu dar continuidade aos programas sociais do atual governo e defendeu o "modelo Lula" como o caminho a seguir. "Não é a hora nem da direita nem da esquerda. Chegou a hora do progresso, somos progressistas", disse.
De caráter inédito e interpartidário, as primárias são vistas como a única saída da oposição venezuelana para unir esforços e enfrentar Chávez - com alguma possibilidade de disputa - nas eleições presidenciais. "As primárias representam o esforço mais importante que a oposição já fez para conseguir confrontar democrática e eleitoralmente o presidente", afirmou o analista político Farith Fraija, diretor da consultoria Visor 360.
A campanha opositora foi marcada por dois estilos diferentes de se posicionar contra o presidente: a despolitização e a confrontação. O primeiro estilo foi adotado pelos dois principais competidores - Capriles Radonski, que centra seu discurso no "progresso", e, em menor grau, por Pablo Pérez, governador do estado petrolífero de Zulia – o mais populoso do país –, que tem como foco o "combate à insegurança".
Ao evitar ataques frontais a Chávez e a seu projeto socialista, Capriles e Pérez tentam captar votos do chamado "chavismo light" ou de chavistas decepcionados com a atual gestão. "A política de polarização beneficia Chávez e não gera votos para a oposição. Capriles Radonski é um exemplo disso", disse o analista político Carlos Romero, professor da Universidade Central da Venezuela. "Chávez propõe o caminho do socialismo, eu proponho o caminho do progresso", diz Capriles Radonski.
De acordo com pesquisas, a candidatura de Capriles Radonski ganhou ainda mais força depois que o também jovem candidato Leopoldo López decidiu abandonar a disputa para apoiar o governador.
Segundo melhor colocado na disputa, Pablo Pérez, de 42 anos, conta com o aparelho político do tradicional partido Ação Democrática (AD) - a principal força opositora na Assembleia Nacional – como motor para angariar votos em todo o país. De acordo com analistas, Pérez fez uma campanha "tradicional" e teve dificuldades de marcar um perfil alternativo.
No outro polo - o da confrontação - aparecem a deputada Maria Corina Machado, que propõe um modelo de "capitalismo popular", e o ex-embaixador Diego Arria, que prometeu levar o presidente venezuelano aos tribunais em Haia. O último da lista é um ex-aliado de Chávez, Pablo Medina.
A Aliança Opositora estima que cerca de 1 milhão de eleitores participem das primárias, que são organizadas pelo Conselho Nacional Eleitoral. As eleições na Venezuela estão marcadas para 7 de outubro de 2012 e Hugo Chavez deverá se candidatar. Ele está no poder há pouco mais de 13 anos e pode se candidatar sempre que houver eleições presidenciais.
* Com informações da BBC Brasil//Edição: Graça Adjuto