Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Estudo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) mostra que em 2011 o Brasil teve participação de 1,6% nas exportações mundiais, o melhor índice nas vendas globais desde 1950. Nesse ano, a participação era de 2,26%.
O presidente em exercício da AEB, José Augusto de Castro, disse à Agência Brasil que apesar do forte crescimento das exportações brasileiras nos últimos anos, em razão da elevação das cotações das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional), a participação do país cresceu. “Mas, em termos de cenário internacional, nós continuamos na mesma posição: 20º, 21º, 22º lugar. Não houve crescimento”.
Ele atribuiu o patamar atingido em 2011 ao aumento de preços. “Como o próprio governo diz, as exportações cresceram porque o preço das commodities aumentou. Não a quantidade. Ou seja, (não há) nenhum mérito para o Brasil, porque não é o país que define preço, mas sim o mercado internacional”.
A previsão da AEB é que, neste ano, os preços internacionais cairão. “Nós somos passivos. Assim como passou de 1% (em 2004) para 1,6% agora, foi tudo em decorrência do mercado internacional. E não de uma ação que o Brasil tenha desenvolvido e tenha tido como resultado o aumento da participação”.
Para alcançar crescimento mais significativo na participação nas exportações mundiais, ou pelo menos retomar o nível de 1950, Castro apontou a necessidade de o país realizar as reformas de base. “Para que possamos exportar não apenas commodities, mas também manufaturados. Quer dizer, viabilizar que, em vez de exportar o minério, eu possa exportar também o aço, que gera mais valor agregado e mais emprego. Em vez de exportar soja, eu passe a exportar óleo de soja”.
Ele considera elevada a carga tributária no Brasil, que estimula as empresas a exportar o produto bruto, sem beneficiamento. “Isso vale para a soja, para o couro, o granito, uma série de produtos que poderiam ter beneficiamento aqui”. O sistema tributário nacional penaliza quem industrializa", reiterou.
O estudo da AEB apresenta evolução do Brasil no ranking de países exportadores, passando da décima posição, em 1950, para a 21ª, no ano passado. Em 2000, ocupava o 28º lugar. Considerando as exportações dos dez maiores países, nove exportam manufaturados. “Exportação de manufaturados dá estabilidade para o país. Ele não fica sujeito às fortes oscilações por causa das commodities".
A liderança de países exportadores é exercida pela China, que detinha a 28ª classificação, em 1950, e teve a melhor evolução no ranking mundial. “É a locomotiva do mundo, que serve como exemplo”. Castro chamou a atenção também para um segundo vagão, a Índia, que já passou o Brasil e ocupa atualmente a 17ª posição na relação de países exportadores. Destacou que a Índia exporta mais de 90% de produtos manufaturados e apresenta crescimento econômico consistente, a exemplo da China.
A Índia é, disse Castro, o “país que está hoje mostrando ao mundo que pode crescer”. Isso ocorre, apesar de a Índia apresentar o terceiro maior déficit comercial, depois dos Estados Unidos e do Reino Unido. Ele ressaltou, contudo, que “todo país em desenvolvimento tem déficit comercial, que é aquela fase em que ele está montando o seu parque industrial. Está criando as bases para o futuro. Vai ser a China do futuro próximo”, acrescentou.
Edição: Graça Adjuto