Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O fundador da empresa de próteses mamárias PIP, o francês Jean-Claude Mas, de 72 anos, pagou fiança de 100 mil euros e foi libertado na noite de ontem (26). Ele foi preso nessa quinta-feira na casa da namorada, em Marselha, no Sul do país. O francês está envolvido em um escândalo de venda de silicone irregular. Por decisão da Justiça da França, ele está proibido de deixar o país.
Jean-Claude Mas é acusado pelo Ministério Público de homicídio culposo. No entanto, a juíza Annaïck Le Goff decidiu que ele será apenas testemunha no processo, que verifica se as mortes de duas mulheres que usavam próteses PIP ocorreram em consequência da má qualidade do produto.
O advogado do empresário, Yves Haddad, disse que, durante a detenção, ele respondeu às perguntas feitas pela juíza por três horas. "Estamos satisfeitos que Mas tenha podido se explicar. É um alívio para ele", acrescentou o advogado.
Jean-Claude Mas admitiu ter utilizado um gel não autorizado para produzir as próteses de silicone. Porém, negou que o produto seja uma ameaça à saúde humana. Ontem (26), durante todo o dia, a polícia fez buscas e apreensões na mansão da namorada do empresário.
Na casa foram encontradas obras de arte valiosas, de acordo com o procurador da República de Marselha, Jacques Dallest. Já Claude Couty, ex-diretor-geral da PIP, ainda está preso e vai responder hoje às dúvidas pendentes na Justiça.
A empresa PIP, em falência desde março de 2010, está envolvida em escândalo internacional por ter utilizado um gel industrial que substituía irregularmente o gel médico. Há suspeitas de que essa irregularidade provocou ruptura nos implantes. A PIP produzia cerca de 100 mil próteses por ano - 84% para a América Latina, Espanha e o Reino Unido.
As estimativas apontam que entre 400 e 500 mil mulheres em 65 países colocaram implantes fabricados pela PIP.
*Com informações da emissora pública de rádio da França, RFI//Edição: Graça Adjuto